O vento tornou-se na grande fonte de rendimento de várias aldeias do Alto Tâmega. Há casos em que o que recebem pelas torres eólicas é superior ao que recebem do Estado. A maioria investe em caminhos agrícolas.
Corpo do artigo
No caminho de Espinheiro, nas Alturas do Barroso, em Boticas, só passavam cabras. "E mal!". Hoje, "passa lá um autocarro, se for preciso". Foi alargado e alcatroado. Ficou com quatro metros. Desde 2004, o conselho de compartes dos baldios da freguesia das Alturas do Barroso investiu cerca de 52 mil euros em alargamento e limpeza de caminhos agrícolas. A verba gasta é, toda ela, proveniente da renda que a aldeia recebe pelo aerogerador instalado em terreno baldio.
Está prevista a colocação de mais 12 torres eólicas. "Já andam as gruas a colocá-las", garante o presidente do conselho directivo dos baldios, Herculano Rua.
Em média, a aldeia irá receber 5000 euros por cada aerogerador. O vento está a tornar-se a grande fonte de rendimento de algumas aldeias do Alto Tâmega, que arrendaram terrenos baldios para a produção de energia eólica.
Em Sabuzedo, no concelho de Montalegre, os nove aerogeradores colocados rendem à aldeia 20 mil euros por ano, quase tanto como recebe toda a freguesia (composta por mais uma aldeia) do Fundo de Financiamento das Freguesias.
À semelhança de Alturas do Barroso, Sabuzedo investiu no arranjo de caminhos agrícolas. Também foi feita uma capela, uns lavadouros públicos e se não tem sido feito mais é por falta de entendimento da população.
"Uns querem fazer uma coisa outros querem fazer outra, não se entendem", lamenta o presidente do conselho directivo dos baldios, João Gonçalves.
Enquanto isso, o dinheiro vai-se acumulando no banco. "Temos para aí uns 150 mil euros", garante, reconhecendo que com o dinheiro quem têm "não têm sido feito grandes obras".
No concelho de Montalegre, está já em funcionamento outro parque eólico na freguesia de Salto e assinados contratos com muitas outras aldeias onde se prevê que venha a ser produzida energia eólica.
No concelho de Chaves, existe apenas um parque eólico, na freguesia de Mairos. Por ano, a aldeia arrecada cerca de 10 mil euros. Além do arranjo de caminhos agrícolas, é com esta verba que a Junta de Freguesia paga o vencimento de um funcionário que faz limpeza na aldeia. "Também já demos uma ajuda para a compra de um elevador para o lar e foi paga a limpeza da barragem", revela o presidente da Junta de Freguesia de Mairos, António Fontoura.
Em Montenegrelo, no concelho de Vila Pouca de Aguiar, para já, a aldeia tem recebido uma renda de pré-instalação, dinheiro que também já serviu para alargar dois caminhos agrícolas.
A partir de 2009, está prevista a colocação de 11 torres no baldio de Montenegrelo e no de mais duas aldeias contíguas. Pelas contas do presidente da Junta, Nelson Dias, à aldeia de Montenegrelo deverá caber entre 10 a 15 mil euros por ano. O destino? "Será gasto naquilo que o povo entender", afiança. Até 2012, no concelho de Vila Pouca de Aguiar, está prevista a instalação de 100 aerogeradores.