A socialista Alexandra Leitão, candidata pela coligação PS/Livre/BE/PAN à Câmara de Lisboa nas próximas autárquicas, acusou hoje o presidente da autarquia e recandidato, Carlos Moedas (PSD), de fazer "exercício de desculpabilização" sobre acidente no elevador da Glória.
Corpo do artigo
"Carlos Moedas voltou ao ataque pessoal. Não sabe fazer política de outra forma. Quem o oiça acha que a primeira vítima do trágico acidente no elevador da Glória foi ele próprio. Não foi. Foram os mortos, os feridos e as suas famílias", afirmou Alexandra Leitão, numa publicação na rede social X, em reação à entrevista do presidente da Câmara de Lisboa.
Carlos Moedas voltou ao ataque pessoal. Não sabe fazer política de outra forma.
- Alexandra Leitão (@Alexandrarfl) September 7, 2025
Quem o oiça acha que a primeira vítima do trágico acidente no Elevador da Glória foi ele próprio. Não foi. Foram os mortos, os feridos e as suas famílias.
A entrevista que deu à SIC é um exercício de...
A socialista considerou que a entrevista que Carlos Moedas deu hoje à noite à SIC "é um exercício de desculpabilização pouco digno de um responsável político".
"Não trouxe respostas, não apresentou soluções e não anunciou uma única medida que ajude as vítimas ou que restaure a confiança dos lisboetas nas infraestruturas da cidade", apontou.
Em entrevista à SIC, a primeira dada a um órgão de comunicação social desde o acidente com o elevador da Glória, que ocorreu na quarta-feira e causou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades, o social-democrata Carlos Moedas criticou "a politização" da tragédia.
"Revolta-me muito ver que certos partidos políticos, de uma maneira direta, e outros dissimulados, como é o caso do PS de Lisboa [...] porque no fundo tem uma candidata que não vem pedir a minha demissão, mas encarrega todos os seus sicários e todos os seus apoiantes para vierem por trás como Pedro Nuno Santos como Brilhante Dias", declarou o presidente da Câmara de Lisboa.
O autarca do PSD disse ainda que faz "uma grande diferença" entre o PS liderado por José Luís Carneiro, "que é um homem centrista", e o PS de Lisboa, "que é um bloco da esquerda, aliado ao BE, que se radicalizou", considerando que "há dois PS diferentes".
Sobre o papel da socialista Alexandra Leitão, ao falar do acidente com o elevador da Glória, o social-democrata Carlos Moedas considerou que "foi muito cínico, dissimulado".
Alexandra Leitão, cabeça de lista da coligação PS/Livre/BE/PAN à Câmara de Lisboa nas eleições autárquicas de 12 de outubro, tem recusado avançar com pedidos de demissão sobre a tragédia, mas tem exigido "um cabal esclarecimento e uma assunção de responsabilidades" quanto ao acidente, lembrando o caso da partilha de dados de ativistas russos por parte da autarquia da capital em 2021, antes das eleições autárquicas desse ano, em que Carlos Moedas pediu a demissão do então presidente do município, Fernando Medina (PS).
A oposição à liderança PSD/CDS-PP na Câmara de Lisboa, nomeadamente PS, PCP, BE, Livre e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), tem recusado avançar com pedidos de demissão na sequência do acidente com o elevador da Glória, mas ressalvam que o presidente da autarquia, Carlos Moedas (PSD), "é o responsável político máximo" pela empresa municipal Carris.
O elevador da Glória é gerido pela Carris, liga a Praça dos Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de cerca de 265 metros e é muito procurado por turistas.
Segunda-feira, a partir das 09:30, a Câmara de Lisboa vai realizar uma reunião extraordinária dedicada ao acidente com o elevador da Glória, na qual deverão ser discutidas medidas de apoio às vítimas e familiares, assim como de apuramento das causas e responsabilidades.
Até ao momento, a vereação do PS avançou com uma proposta que sugere a criação de um memorial na Calçada da Glória e a abertura de um gabinete municipal de apoio às vítimas, assim como a constituição de uma comissão externa de auditoria.
O acidente provocou 16 mortos - cinco portugueses, dois sul-coreanos, um suíço, três britânicos, dois canadianos, um ucraniano, um norte-americano e um francês -, e ainda 22 feridos.
O Governo decretou um dia de luto nacional, que foi cumprido na quinta-feira, enquanto a Câmara de Lisboa decretou três dias de luto municipal, entre quinta-feira e sábado.