Comerciantes queixam-se de quebras no negócio e nem o espaço ganho em frente às lojas recolhe elogios. Câmara de Gondomar acompanha situação e garante que tem recebido opiniões positivas.
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As alterações implementadas há pouco mais de um mês na Rua D. Afonso Henriques, na zona da Areosa, em Rio Tinto, Gondomar, estão a gerar descontentamento. Muitos comerciantes queixam-se da perda de clientes e nem os espaços que ganharam em frente aos estabelecimentos agradam na totalidade. Ao JN, a Câmara de Gondomar ressalva que tem feito um "acompanhamento semanal de contacto direto com os comerciantes" e que o feedback é "bastante positivo", por isso não estão previstas alterações ao projeto.
"Também os comerciantes da Rua Heróis da Pátria [para onde passou o trânsito que antes subia a Afonso Henriques a partir da Areosa] reportam-nos estar satisfeitos com o aumento da procura motivada pela passagem naquele local dos autocarros", diz a Autarquia.
Na Rua D. Afonso Henriques, que passou a ter sentido único descendente entre a Rua das Oliveiras e a Circunvalação, os lojistas denunciam o afastamento das pessoas e a quebra nas vendas numa das vias mais movimentadas do Grande Porto.
"areosa fica esquecida"
Mesmo tendo a oportunidade de colocar um lugar de cargas e descargas ou montar uma esplanada, os comerciantes explicam que esta medida não melhorou o negócio, sublinhando que "as pessoas não têm onde parar o carro". Paulo Brito, talhante, explica que a remoção da paragem de autocarro em frente ao estabelecimento na Rua D. Afonso Henriques levou à "aniquilação" do negócio. "Acabaram por retirar aquilo que era necessário para o talho: a paragem do autocarro", lamenta. O novo lugar para cargas e descargas também não foi vantajoso, visto que a carne era recebida mesmo sem esse espaço.
No seu café, Pedro Reis decidiu não ter esplanada, uma vez que considera que se o fizesse estaria a concordar com a alteração. "A Areosa vai ficar esquecida", garante. Comerciante há mais de 30 anos, Alexandre Correia, afirma que a zona é "pobre" e que a maioria das pessoas "serve-se do autocarro". Joana Ascensão, de uma loja de roupa, afirma que não era capaz de se sentar nas novas esplanadas, porque poderia vir um "carro desgovernado" e "levar tudo pelo ar".
"pessoas Vão embora"
Com a eliminação do sentido ascendente na Rua de D. Afonso Henriques, este acesso faz-se agora pela Rua dos Heróis da Pátria. Os comerciantes dessa artéria, que seriam beneficiados com a modificação, também não estão agradados.
Embora tenha a paragem de autocarro perto, a frutaria de Elisabete Cardoso, por exemplo, não ganhou com a passagem dos transportes públicos, para além do barulho. "As pessoas param, saem dos autocarros, metem-se logo noutro e vão embora", sublinha.