Alto Minho adere a triagem telefónica para reduzir afluência de casos não urgentes às urgências
A Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) vai aderir à triagem telefónica, a partir de 14 de novembro, para reduzir a afluência de casos não urgentes à urgência.
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A adesão ao projeto "Ligue antes, salve vidas", já implementado noutras ULS do país, pretende, numa primeira fase, atingir uma redução de "pelo menos 10%", nas idas aos três serviços de urgência daquela região (Viana do Castelo, Monção e Ponte de Lima), com um telefonema do utente para o SNS24, antes de se dirigir fisicamente aos serviços de saúde. Para colocar o novo sistema em andamento, estão reservadas "1800 consultas" para agendamento "no prazo de 24 horas", na rede de cuidados de saúde primários, destinadas a doentes que apresentem sintomas menos graves.
Segundo dados avançados, numa conferência de imprensa, esta segunda-feira, pela ULSAM, atualmente a afluência de casos não urgentes (pulseiras branca, azul ou verde), às urgências daquela região ronda "cerca de 43%", sendo que no Serviço de Urgência Básico (SUB) de Ponte de Lima a média sobe para "52%" e, no SUB de Monção, chega mesmo a "61%". No que concerne a urgência pediátricas, o número de casos não urgentes que chegam aos três serviços representa "51%".
Na região, que geograficamente corresponde ao distrito de Viana do Castelo, será lançada nos próximos dias uma campanha de divulgação, que, à semelhança do que está a acontecer noutras regiões, em que são usadas figuras públicas para dar a cara pelo projeto, terá o canonista Fernando Pimenta como "embaixador".
"Este dado que nós estamos a apresentar é bastante cauteloso. 10% é um número bastante significativo de redução dos casos de urgência, mas acreditamos que vão ser bastante superiores", declarou o presidente do Conselho de Administração (CA) da ULSAM, João Porfírio de Oliveira, mostrando-se satisfeito com o balanço das experiências noutras ULS.
"É muito animador. O projeto-piloto Vila do Conde-Póvoa de Varzim está quase nos 20%, Gaia-Espinho, que é um hospital central e também com uma pressão muito grande em termos de urgência, ultrapassou esse valor. Portanto, acreditamos que vamos conseguir também ultrapassar esse valor ou estar perto dele. Estamos muito confiantes", referiu, destacando que "ninguém quer ter filas de espera ou tempos de espera, como às vezes acontece, de quatro, cinco, seis horas em situações particulares". "A nossa média não ultrapassa as duas horas de tempo de espera, mesmo para os verdes (pulseiras)", sublinhou.
Segundo João Porfírio de Oliveira, a triagem prévia via telefónica para a linha SNS 24 (808 24 24 24), vai "funcionar em pleno", mas admite que "haja necessidade de fazer ajustes". José Manuel Cunha, diretor clínico cuidados de saúde primários da ULSAM, alertou que está em aberto a possibilidade de alargar o número de consultas disponíveis para agendamento, por agora de 1800, "de acordo com as necessidades".
A partir de agora, o utente telefona para a linha e, conforme os sintomas que apresente, será triado e encaminhado para um serviço de urgência ou ser-lhe-á marcada uma consulta no centro de saúde da área de residência. Poderá mesmo receber orientação médica e não necessitar de se deslocar a um serviço de saúde. "Isto é um ganho muito grande e traz muitos benefícios para as pessoas", afirmou José Manuel Cunha.
"Em Portugal e na nossa região observamos uma procura muito elevada dos serviços de urgência, muitas vezes, por utentes que não têm critérios de urgência e isso contribui para as sobrecarga dos nossos serviços e afeta a nossa capacidade de resposta aos casos realmente graves", indicou Soraia Oliveira, diretora de serviço de urgência da ULSAM, manifestando "a esperança" que a triagem telefónica se traduza "numa redução de 10 por cento ou mais" da afluência à urgência".
"Gostaria de reforçar que qualquer pessoas com sintomas de situações potencialmente graves, como suspeita de AVC, enfarte, acidente grave, devem continuar a ligar o 112", concluiu.