José Cardoso, de 18 anos, viu esta sexta-feira o mini foguetão que criou elevar-se no ar, fazer um arco e regressar suavemente ao solo. Foi o resultado do projeto final do curso profissional de Eletrónica Automação e Comando, que teve 20 valores e que contou com uma ajuda da Escola de Ciências da Universidade do Minho.
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A prova de aptidão profissional de José Cardoso, aluno do curso Profissional de Eletrónica, Automação e Comando da Cooperativa de Ensino de Vila Nova de Famalicão (CIOR) foi um mini foguetão, no qual o aluno de 18 anos anda a trabalhar desde o 10º ano. O projeto foi avaliado com 20 valores e atraiu a atenção da Escola de Ciências da Universidade do Minho que deu uma ajuda, nomeadamente com os cálculos matemáticos necessários. A equipa que esteve ligada ao projeto reuniu-se, ontem, no Parque da Devesa, em Famalicão, para a primeira apresentação pública. O foguete elevou-se como esperado e regressou à terra, intacto, após abrir com sucesso os paraquedas.
Por estes dias, José Cardoso está a reavaliar a sua opinião sobre o seu herói, Elon Musk. “Foi o único homem a conseguir, com sucesso, lançar um foguetão e fazê-lo aterrar na vertical”, justifica.
Fan de Elon Musk
Envergando uma “sweatshirt” e um boné preto com o logotipo da Space X - a empresa de Musk - o jovem afirma: “Temos de desligar o homem e as suas intervenções políticas do que a Space X tem feito e que é extraordinário”. O jovem não esconde que o seu objetivo é desenvolver o seu foguete até que ele consiga fazer o mesmo que os da Space X: subir, descer controladamente e aterrar pelos seus próprios meios.
O diretor pedagógico da CIOR destacou que “o que faz de José Cardoso um aluno excecional é saber o que quer e depois ter a dedicação e a disponibilidade necessária”. O projeto do foguete dele foi descoberto numa apresentação de candidaturas a fundos comunitários, no Porto, pelo investigador Iran Rocha Segundo. Foi através deste contacto que o aluno do ensino profissional teve oportunidade de se aproximar do professor da Escola de Ciências da UMinho, Joaquim Carneiro, e de uma equipa de outros investigadores.
Hino nacional no lançamento
“O projeto era interessante, mas faltava-lhe alguma matemática que um aluno do secundário não podia ter, mas que adquiriu com a nossa ajuda”, refere o professor Joaquim Carneiro. “O José Cardoso tem ido para a Universidade do Minho, todas as quartas-feiras e sábados, desde dezembro”, aponta Pedro Veloso, diretor do curso que o aluno frequenta.
À hora marcada, perante os colegas, os familiares, o vereador da Educação, Augusto Lima, e o presidente da Câmara de Famalicão, Mário Passos, na assistência, ouviu-se o hino nacional, fez-se a contagem decrescente e o foguete elevou-se no ar, fez um arco, antes de abrir o paraquedas e regressar suavemente ao solo.
Segundo Joaquim Carneiro, o engenho atinge, mais ou menos, 130 quilómetros por hora na descolagem a pode chegar aos 200 metros de altura. Perante o entusiasmo da assistência, a equipa lançou ainda um segundo foguete que não estava programado e que acabou por cair, após se elevar a poucos metros. “Foi um problema com a compressão do alumínio que faz parte do combustível sólido que propulsiona o foguete”, esclareceu Joaquim Carneiro. “Este é o sétimo lançamento que faço, tive dois falhanços”, admitiu, a concluir, José Cardoso.