"Não comentes de boca cheia" é um projeto da Escola Superior de Educação de Viseu que aponta 23 orientações de conduta no mundo virtual
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"Tal como devemos ter boas maneiras à mesa, também devemos ter boas maneiras nas redes sociais. Se não falamos de boca cheia, também não devemos comentar de boca cheia". É esta a principal mensagem do manual de boas maneiras criado por alunos da Escola Superior de Educação de Viseu (ESEV). A ferramenta está disponível online há uma semana.
O projeto nasceu de um desafio lançado pela professora Liliana Carona aos estudantes de segundo ano do curso de Comunicação Social na disciplina de Estratégias de Comunicação nas Redes Sociais. A docente e jornalista queria alertar os alunos "para os perigos inerentes" à "nova forma de comunicar" no mundo virtual.
"Foi difícil colocar os alunos a refletir sobre esta temática. A primeira resposta que obtive foi: então, mas não somos livres de fazer o que quisermos nas redes sociais?", explica Liliana Carona.
Qualquer um é livre de se expressar, vinca a docente, realçando, todavia, que há regras da vida real que também se aplicam a quem está à frente de um ecrã. "Interessa criar um relacionamento mais pacífico e não tão agressivo como o que se verifica atualmente. É assustadora a forma como já se normalizou a violência online", diz ao JN.
Em três semanas, 23 estudantes de duas turmas construíram um manual multimédia de boas maneiras, que já está disponível no Instagram. O guia "Não comentes de boca cheia" tem 23 conselhos. Cada aluno desenvolveu uma sugestão de conduta que é resumida numa frase, acompanhada por um vídeo ou uma fotografia. "Olhar à data das publicações para não partilhares nonsense, informação descontextualizada ou desatualizada", "Não fazer comentários insultuosos com base no género, orientação sexual, cultura" e "Não comentar um post com o que te vem à cabeça" são algumas das orientações propostas.
Joana Rocha, uma das estudantes responsáveis pelo manual, confessa que graças ao projeto ficou com outra percepção do "lado negativo das redes sociais". "Aprendi que tenho que ter mais cuidado na forma como falo. Tal como quando atravessamos uma passadeira, em temos que parar, escutar e olhar, nas redes sociais também temos de parar e refletir antes de escrever", compara.
As publicações do manual já contam com centenas de visualizações. "Não tínhamos a noção que isto ia chegar tão longe. Os próprios pais também se identificam com as situações descritas", refere Pedro Micaela, que também ajudou a desenvolver o guia.
O manual de boas maneiras nas redes sociais "Não comentes de boca cheia!" não é um projeto fechado. O guia continuará a ser atualizado pelos alunos.