Um grupo de alunos da Escola Carolina Michaelis, no Porto, foi um dos vencedores do Concurso Internacional "Journey ISS Expedition-Mission 19". A experiência proposta pelos alunos portugueses será realizada por um astronauta na Estação Espacial Internacional (ISS).
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O convite partiu de Jefferson Michaelis, diretor da KSC International Space Academy, em agosto de 2024. Na altura, a escola a aceitou integrar o "grande desafio" e foi uma das quatro instituições de ensino portuguesas a participar, pela primeira vez, no International Journey - ISS Expedition, uma iniciativa que faz parte do Student Spaceflight Experiments Program, coordenado pelo National Center for Earth and Space Science Education e pelo Arthur C. Clarke Institute for Space Education, nos Estados Unidos da América.
"Convidaram-me e não estava nada à espera disto. Pensava que era mais pequenino. No início, até pensava que se calhar nem ia dar em nada porque são muitos concorrentes e a probabilidade era baixa mas, depois, comecei a acreditar neste projeto", conta João Ribeiro, aluno do 12.º ano.
A equipa, constituída por quatro alunos do 12.º ano e duas alunas do 11.º ano, integrou a comunidade Brasil-Portugal e foi a vencedora daquele grupo. "É uma coisa mesmo magnífica, quando concorremos nunca pensamos íamos vencer", afirma a professora Elsa Alves.
Experiência
No início do mês, os estudantes rumaram aos EUA para apresentar a proposta. A experiência “The effect of microgravity on the osteogenic potential of mesenchymal stem cells secretome”, será levada, num mini-laboratório, através de um foguetão da Space X até à ISS, onde será realizada por um astronauta, num ambiente de microgravidade. "Nós sabemos que os astronautas têm muitos problemas ósseos quando regressam, o que os impede de fazer várias viagens de longo prazo. Então nós queríamos tentar perceber porque é que isto acontece", explica Laura Cesária, do 11.º ano.
A experiência só deverá ir para o espaço em abril do próximo ano. Durante esse período, os alunos vão realizar a mesma experiência na terra, para que depois possam comparar e tirar conclusões. "É uma sensação muito boa. Sentimo-nos realizados e sentimos que conseguimos fazer a diferença", sublinha Ana Beatriz Gomes, do 12.º ano. Durante o ano letivo, os estudantes trabalharam no projeto, tendo contado com a ajuda do i3S. "Foi o ano todo a trabalhar. Desde setembro até à ida aos EUA, tivemos que fazer relatórios, pesquisa profunda, tivemos que ir muitas vezes ao I3S", conta a aluna.
Os quatro estudantes do 12.º ano, que vão ingressar na faculdade, terão que regressar à escola durante o próximo ano letivo para continuar a trabalhar no projeto mas, não é um problema. "Dá muito mais motivação para querermos seguir os nossos sonhos, porque isto mostrou-nos que é possível realizar algo que não estamos à espera", conta Rafael Silva, do 12.º ano.
Percalço no aeroporto
A equipa tinha que estar nos EUA para apresentar o projeto no dia 2 de julho, mas os voos trocou-lhes as voltas: o voo que iam apanhar foi cancelado e só conseguiram ir no dia seguinte. Tiveram que fazer uma apresentação online, sentados no aeroporto, mas nunca desistiram. "Quando chegámos lá, entrámos na sala de conferências e o pessoal estava ali com a bandeira de Portugal. Foi incrível", afirma Rafael Silva.
Para os alunos esta foi "a experiência de uma vida", que voltavam a repetir sem pensar duas vezes. "O projeto foi uma grande oportunidade para mim, especialmente para conhecer pessoas novas e desenvolver o meu conhecimento científico, o meu pensamento crítico e a desenvolver a minha forma de falar perante o público. É algo bastante grande comparativamente às coisas que nós estamos habituados a fazer", sublinha Mariana Pinheiro, do 12.º ano.