Protesto no Seixal visa exigir que se conclua a remoção de escombros perigosos.
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Foi a pensar na saúde dos filhos - e porque já estão cansados de promessas - que dezenas de pais boicotaram ontem o início do ano lectivo na escola básica 2,3 de Corroios, Seixal, não levando os seus educandos às aulas.
Em causa está um processo que se arrasta desde o ano lectivo de 2006/2007, quando a vizinha escola Moinho de Maré foi encerrada, despoletando actos de vandalismo que culminaram num incêndio, que destruiu um dos pavilhões e libertou para o ar partículas de amianto, uma substância cancerígena que se mantém nos destroços.
"A remoção destes escombros é a fase mais perigosa da obra, que nós pretendíamos que não fosse feita enquanto as crianças estivessem na escola", alega Carlos Morais. O presidente da Associação de Pais exige ainda que, após a retirada dos destroços, seja feita uma monitorização à qualidade do ar das salas de aula, para que sejam depois desinfectadas, em caso de necessidade.
Cerca de uma centena de pais concentrou-se ontem de manhã frente aos portões da escola, num protesto que se manterá. "Todos os dias, às 8 horas, vai estar aqui um elemento da associação de pais com um cartaz a dizer: mais um dia que os nossos filhos não vão à escola", promete Carlos Morais, pai de um aluno do 8º ano.
Surpreendido, o director regional de Educação, José Leitão, considera que a acção é "completamente injustificada" e garante que "nunca houve risco para a saúde". "A remoção estará concluída nos próximos dias, provavelmente até ao final da semana", adiantou ao JN, explicando que "os poucos escombros que ainda existem no local estão encapsulados numa tenda de pressão negativa, de acordo com as normas de segurança mais apertadas".
José Leitão apela agora ao bom senso. "Espero que os pais que estão a impedir os seus filhos de frequentar as aulas revejam a sua posição e verifiquem que, de facto, não há razão nenhuma para este tipo de procedimentos e respeitem o direito dos seus filhos à educação", afirmou.
No ano lectivo anterior, partículas inaláveis foram detectadas na biblioteca e na sala de professores da escola 2,3 de Corroios. "Até secava a boca", contou, ao JN, uma funcionária que pediu para não ser identificada, descrevendo os dias em que havia um cheiro diferente na escola.