Cerca de 47% dos 450 alunos do Politécnico de Leiria que responderam a um inquérito, em 2024, já foram vítimas de bullying, a maioria dos quais antes de ingressarem no Ensino Superior e alguns desde que estudam numa das cinco escolas do instituto.
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Os dados constam do relatório técnico do Observatório para a Saúde dos Estudantes daquela instituição.
Em grande parte das situações, os alunos do Politécnico de Leiria identificam como agressores colegas de turma e de curso ou grupos de colegas de turma e de curso. Em 36,7% dos casos, esses atos foram testemunhados por outros estudantes, a maior parte dos quais denunciou a violência, enquanto outros separaram os colegas ou saíram em defesa das vítimas. No entanto, houve também quem tivesse ignorado, rido e até incentivado as agressões.
A maioria das vítimas relatou que esses atos afetaram o seu desempenho académico, tendo faltado às aulas e sentido necessidade de procurar apoio psicológico. Outras assumiram que o bullying as levou a faltar às aulas e a alterar o comportamento. Outros alunos confidenciaram ter sentido medo, passaram a não confiar em ninguém e a guardar tudo para si.
Consultas gratuitas
Para dar resposta a este e a outros problemas que afetam a saúde e o bem-estar emocional dos alunos, identificados no estudo, Eva Menino, docente na Escola Superior de Saúde, aconselha-os a procurarem ajuda no Centro de Apoio ao Estudante, coordenado por si, onde encontram uma equipa de quatro psicólogos, que será reforçada este mês com mais um elemento, e uma técnica de Serviço Social.
“Temos sido procurados, mas nem todos os alunos que precisam recorrem a nós neste contexto de violência, pelo que estamos cientes de que o número de vítimas de bullying é superior”, assegura Eva Menino. “O nosso grande objetivo é prestar apoio à comunidade académica, essencialmente focada nos estudantes, para terem um contexto de acolhimento, de proteção e de capacitação”.
A coordenadora do centro esclarece que as consultas são gratuitas e confidenciais e revela que foram criadas consultas abertas, sem necessidade de marcação prévia, para dar resposta aos casos prioritários, porque o tempo médio de espera é de dois a três meses. “As consultas abertas semanais são rotativas nas cinco escolas [três em Leiria, uma nas Caldas da Rainha e uma em Peniche]. São duas horas por semana presenciais e duas online”.
Consciente da importância de comunicar de uma forma eficaz com os alunos, o centro divulga as consultas nas redes sociais, assim como ações de prevenção e de sensibilização, e conversas com especialistas sobre temas importantes para os jovens, como, por exemplo, como identificar, lidar e sair de uma relação tóxica. Este ano letivo, foi feita uma apresentação do centro aos alunos do 1.º ano. “Queremos que saibam que estamos aqui, caso queiram esse suporte”.