Depois da tragédia, ainda há três habitações por concluir em Pedrógão e em Castanheira. Revita sem dinheiro para construtores.
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Um ano após a ministra Margarida Balseiro Lopes ter anunciado que os mais de 1,3 milhões de euros do Revita, fundo criado para apoiar as populações e revitalizar as áreas afetadas pelos incêndios de 17 de junho de 2017, ia ser investido em Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, o dinheiro ainda não chegou ao território. Oito anos depois, Alzira Luís, 81 anos, continua a aguardar verbas para pagar ao empreiteiro, que lhe está a reconstruir a casa, devorada pelas chamas. Há ainda mais dois casos em Pedrógão Grande.
“Cada vez que se toca no assunto perto da minha mãe, ela começa a chorar. Não ver a casa feita causa-lhe muita tristeza, a roçar a depressão”, assegura o filho Álvaro Silva. “Nem ela está bem, nem nós”, garante. Desde que as chamas lhe destruíram a habitação, na aldeia de Rapos, Alzira vive numa casa “bastante mais pequena”, em Moredos, onde tem como companhia um cão, preso à corrente, pois deixou de ter quintal para o animal andar à solta.
Ao início, a renda era paga pela Segurança Social, mas, nos últimos quatro ou cinco anos, passou a ter de ser a idosa a liquidar os perto de 200 euros mensais. “Tem a reformazita dela e o complemento do meu pai, que faleceu há uns anos. É uma pessoa poupada, mas é uma despesa que não devia ter”, defende o filho. Mas o que o incomoda mesmo é o facto de deverem duas faturas ao empreiteiro, uma de agosto e outra de novembro de 2024, das quais já teve de pagar IVA.
“Está a perder a paciência, porque tem o dinheiro empatado, e não recebe”, conta Álvaro. A obra está, por isso, parada quase desde o início do ano. “Tem as paredes levantadas, algum estuque, a parte elétrica e alguma canalização. Está revestida por fora, mas não está habitável”, afirma. “Renovei a licença de construção há mais de um ano, mas a casa já devia estar feita”, sublinha. “São só reuniões e reuniões, e as coisas não andam. Agora, dizem que faltam umas assinaturas. São as desculpas de sempre, mas o que é um facto é que o dinheiro está parado.”