Andreia com a vida em suspenso após atropelamento. Seguro do condutor era inválido
Andreia Caldas, 24 anos, foi colhida na ponte da Palmilheira, em Ermesinde, e sofreu uma queda de uma altura de nove metros. Família foi informada de que seguro do condutor é "inválido".
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Andreia Caldas não guarda memórias do momento em que foi atropelada, mas as mazelas persistem três meses após o acidente. Foi colhida na ponte da Palmilheira, em Ermesinde, Valongo, e sofreu uma queda de nove metros para a linha do comboio, sofrendo ferimentos graves. Só agora ficou a saber que o seguro do condutor que a atropelou não é válido.
Todos os dias, Andreia faz fisioterapia no Hospital de S. João, no Porto, para ganhar "massa muscular" e poder ser operada ao menisco e a uma rotura de ligamentos no joelho. Do acidente resta ainda uma hemorragia cerebral que lhe compromete o equilíbrio e a obriga a estar sempre acompanhada. É a mãe, que meteu baixa, quem lhe auxilia os passos.
"Ela tem de fazer tudo comigo. Se tenho de ir à casa de banho, mesmo à noite, ela tem de levar-me. Para tomar banho, tenho de estar sentada porque posso ficar tonta e cair", descreve a jovem de 24 anos, que passou sete semanas internada, três em coma induzido.
Sem qualquer apoio
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Da seguradora, mãe e filha dizem não ter recebido qualquer apoio. Souberam recentemente que o seguro do carro estava "inválido" e não iria cobrir as despesas. O único rendimento da família era o trabalho de Ana Teles, mãe de Andreia Caldas, que está de baixa para assistir a filha. "Ela não pode ficar sozinha e o pior é que as minhas baixas não são remuneradas porque a Andreia é maior de idade", relatou Ana Teles.
Questionada pelo JN, a Zurich disse apenas que, "considerando que a lesada tem advogada constituída, qualquer comunicação ou esclarecimento será prestado através da respetiva mandatária".
De acordo com a advogada da família, "desde a data do acidente foram reclamadas todas as despesas, inclusive os rendimentos que a mãe deixou de auferir", tendo a seguradora dito "que ia liquidar todas as despesas logo que fosse concluído o processo de averiguação do sinistro". "Andei a aguardar três meses. Só agora disseram que não vão liquidar qualquer despesa porque não há seguro válido", explicou Ana Paula Borges, considerando "lamentável" a demora.
"Não precisavam de uma averiguação do processo-crime para saber [se o seguro estava válido]", disse.
Segundo Ana Paula Borges, já foi requerido o Fundo de Garantia Automóvel: "Já me pediram os documentos para instruir o processo. Vou estar agora, sabe-se lá quanto tempo, à espera que concluam que não há seguro para ir adiantando o valor das despesas".
O acidente ocorreu em maio, quando Andreia Caldas regressava a casa após ter ido à farmácia. "Não me lembro, sequer, de sair de casa. Parece que aquele momento da minha vida não existiu", relatou a jovem. "Os médicos dizem que ela é um milagre", acrescentou a mãe.
Jogadora de basquetebol no CPN - Clube de Propaganda da Natação e treinadora das camadas mais jovens, Andreia ainda não voltou aos treinos. A esperança é voltar a jogar na próxima época.
Aranha
O condutor alegou que se atrapalhou com uma aranha que estava dentro do carro, o que originou o despiste.
Segurança Social
Ao JN, a Segurança Social informou que "os trabalhadores têm direito a subsídio por assistência a filho maior de 12 anos pelo período máximo de 15 dias, seguidos ou interpolados, em cada ano civil". No caso de Ana Teles, "foi atribuído o subsídio por assistência a filho entre os dias 10 e 24 de julho".