Ângela tem cancro há três anos e pede ajuda: "Precisava que alguém me desse esperança"

Jovem de 23 anos queixa-se de "um pouco de falta de ar"
Foto: Ângela Pereira/Instagram
O apelo de uma jovem de 23 anos, natural de Afife, Viana do Castelo, que tem uma doença oncológica há três anos, tem-se multiplicado nas redes sociais nos últimos dias.
Numa publicação na sua conta de Instagram, Ângela Pereira, internada no IPO do Porto, afirma que, além de ter sido submetida a dois transplantes de medula e seis linhas de tratamento, é portadora de um fungo que obrigou à retirada de parte de um pulmão. "Precisava que alguém me desse alguma esperança", pede, referindo que onde está internada, neste momento, "os médicos já fizeram tudo o que podiam".
"Fiz um transplante de medula com um dador que foi o meu pai. O transplante correu bem, apesar de algumas complicações que se conseguiram resolver. Estou nesta luta há cerca de três anos. Já tinha realizado outro transplante com as minhas próprias células, já fiz seis linhas de tratamento e este [segundo] transplante era a minha cura", conta, explicando que é portadora de um fungo. "Sabia que o tinha, mas nunca pensei que as coisas chegassem onde chegarem. O fungo que se chama Aspergillus começou a atacar os meus pulmões, já tirei parte do pulmão direito. Fiz uma lobectomia do pulmão direito inferior e agora estou ligada a um dreno 24 horas por dia há cerca de um mês para poder respirar".
"Já estou a ficar com um pouco de falta de ar. Os médicos aqui já não me tratam mais. Não têm mais meios por onde me tratar. Fizeram tudo aquilo que puderam, retiraram-me a medicação e disseram-me que é uma questão de tempo até que eu morra", continua.
Ângela Pereira diz na mesma publicação que "precisava de uma segunda opinião, de ser transferida do hospital, de fazer mais alguns exames, que alguém me desse alguma esperança para poder continuar cá e com os meus sonhos que são muitos". E conclui: "Sei que existe um hospital em Manchester, especializado neste fungo. Não se se posso viajar, se tenho ordem dos médicos para isso, mas gostava muito de continuar cá, realizar os meus sonhos e viver o que tenho para viver. Obrigada".
IPO afirma que contexto clínico é "de altíssimo risco"
O Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO Porto) esclareceu, esta segunda-feira, o caso de Ângela, referindo que "a doente em causa encontra-se num contexto clínico de altíssimo risco" após todos os tratamentos se terem revelado ineficazes. Informou ainda que a jovem está a ter acompanhamento psicológico e já foi solicitado apoio de Cuidados Paliativos.
Sobre o apelo de Angela que alastra veloz nas redes sociais e na imprensa, o IPO do Porto reagiu em comunicado, defendendo que a doente "se encontra a ser acompanhada num centro altamente diferenciado para o tratamento da patologia em causa, por equipas com elevada experiência em hematologia, transplante de medula, infeções oportunistas e complicações associadas", confirmando os tratamentos descritos pela própria doente no Instagram.
"O percurso terapêutico incluiu terapêutica com seis linhas diferentes de quimioterapia, um autotransplante de medula óssea e um alotransplante de medula óssea a partir de um dador relacionado. Em consequência do grau de imunossupressão resultante das terapêuticas anteriores, desenvolveu um quadro de aspergilose invasiva que foi resistente a todos os antifúngicos disponíveis, incluindo combinações de medicamentos", descreve o comunicado, adiantando ainda que "em virtude da ineficácia dos antifúngicos em controlar a doença foi decidido submeter a doente a uma cirurgia aos pulmões".
O IPO explica que, "infelizmente, nenhuma das abordagens médicas ou cirúrgicas [para controlo da doença] apresentou eficácia clínica, encontrando-se a situação atualmente com um prognóstico muito reservado". "Tal como se procede em situações similares, foi solicitado o apoio de Cuidados Paliativos que, em conjunto com a equipa de transplantação, fez um ajuste terapêutico de acordo com a condição clínica", sendo que, face à situação, também "tem sido prestado apoio psicológico para tentar ajudar a doente a enfrentar a grave condição clínica que enfrenta", remata a nota do IPO.

