Pânico, ansiedade e ato de valentia no Cais do Ouro, no Porto. Nadador-salvador rejeita "publicidade pessoal".
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A queda de um homem ao Douro causou momentos de pavor na marginal da Rua do Ouro e também instantes de não menor ansiedade com o ato de bravura do cidadão que se lançou ao rio para resgatar da água o corpo imóvel. O homem estava em paragem cardiorrespiratória e deve a vida à prontidão do socorro e aos primeiros cuidados prestados por Rui Moura, antes de o INEM concluir as manobras de reanimação.
O incidente verificou-se por volta das 10.45 horas desta segunda-feira, a cerca de cem metros do cais do Ouro, no Porto. Precisamente, trabalhadores que procedem a obras de reconstrução do ancoradouro foram dos primeiros a dar o alarme. Numa zona de caminhadas, logo se juntaram pessoas. "Estava a sair do trabalho e vi que havia ali gente exaltada, sem saber o que fazer. Despi-me, fiquei em boxers, atirei-me à água e fui buscar o homem", conta Rui Moura, proprietário do bar do cais. O intrépido socorrista rejeita qualquer heroísmo e não quer "publicidade pessoal".
"Só fui reativo. Fiz o que tinha a fazer", acrescenta o ex-vigilante de equipas de segurança de épocas balneares, na praia da Memória. A mesma experiência que, já no ano passado, por esta altura, lhe valeu para acudir a outra emergência, também no Douro. "O homem estava cansado e não conseguia chegar à margem", lembra.
"Felizmente - acrescenta o nadador-salvador de 35 anos -, desta vez o homem acabou por ter sorte. Não foi levado pela corrente porque ficou preso na corda de amarração de um barco, a uns dez metros da margem. Quando o segurei, parecia já não ter sinais vitais. Um homem ajudou-me a puxá-lo para a margem. Verifiquei a pulsação e pu-lo em posição lateral de segurança. Depois, as equipas médicas concluíram a reanimação".
As circunstâncias da queda não estão esclarecidas. O homem "caminhava junto às pedras, a montante do Cais do Ouro, quando caiu e acabou por desmaiar", disse o comandante da Polícia Marítima, capitão de mar e guerra Rui Santos Amaral, citado pela Lusa. Segundo a Proteção Civil, "sangrava da cabeça e estava em paragem cardiorrespiratória". Foi transportado ao Hospital Santo António, "onde chegou com vida", acrescentou Santos Amaral.
Detalhes
Aflição
Aqueles minutos de incerteza terminaram com o aplauso ao ato heroico de Rui Moura. Ao final da tarde, o incidente dominava as conversas nas imediações do Cais do Ouro.
Socorro
Para além da Polícia Marítima e do INEM, compareceram os Sapadores do Porto e elementos da corporação de Matosinhos/Leça.