Aantiga Fábrica de Papel do Casal, em Ovar, vai ser recuperada e transformada numa escola de artes e ofícios.
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O edifício já foi adquirido pela Câmara que quer vê-lo fazer parte da Rede Museológica do concelho. A cerca de 200 metros a sul da biblioteca municipal e do recentemente inaugurado Centro de Artes de Ovar e seguindo o curso do rio Cáster, os ovarenses irão, em breve redescobrir parte da sua história, há muito esquecida ou desvalorizada.
A primeira coisa que chama a atenção é a antiga Fábrica de Papel do Casal recentemente adquirida por 125 mil euros e que a Câmara vai requalificar e transformar numa escola de artes e ofícios intimamente ligados às origens do concelho, como a tanoaria, a agricultura, a fiação, a tecelagem e a própria indústria do papel. O objectivo é que venha, quando concluída, a integrar a Rede Museológica do concelho.
De salientar que, no mesmo edifício, que se pretende também como um ponto de passagem para quem futuramente passear pelas margens do rio Cáster, que já estão a ser requalificadas, nomeadamente com a construção de passadiços e pontes, existirá, então, um salão de chá e um centro para a juventude.
Antes de lá chegar, porém, existe um moinho que até há muito pouco tempo se encontrava completamente coberto de mato e silvado e por isso longe da memória da maioria. A descoberta foi feita exactamente quando funcionários desbravam as margens do rio, neste caso a margem poente.
"O moinho remonta pelo menos ao século XVIII mas não era visto há várias décadas, isto embora, curiosamente, esteja representado nos painéis de azulejos exteriores da estação de caminho de ferro", explicou o vice-presidente da Câmara, José Américo. "A preocupação foi, antes de mais, sustentar as ruínas e recuperar a levada, ou seja, o canal feito pelo homem para levar a água do rio não só ao moinho, mas também à fábrica", continuou.
E no que toca a água, ali bem próximo da fábrica, junto à fonte Júlio Diniz, foi feita outra descoberta que, essa sim, está a entusiasmar tudo e todos: uma rede de túneis subterrânea por onde corre água proveniente de minas naturais. Com galerias que mais parecem piscinas e corredores estreitos mas ainda assim possíveis de explorar, a rede vai agora ser estudada ao pormenor para que possa vir a ser visitável.
"Acho que estamos ainda longe de descobrir o mundo que existe aos nossos pés. Trata-se de uma riqueza feita por antigos ovarenses senhores de uma grande sabedoria que com placas de xisto e argamassa de barro fizeram uma obra impressionante", referiu.