As instalações da fábrica La Perla, em Valadares, Gaia, que fechou portas em agosto de 2023, estão à venda. Por cinco milhões de euros, o comprador leva o edifício principal, dois armazéns, maquinaria industrial, produtos têxteis, material de escritório e cinco viaturas.
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A hasta pública surge na sequência do processo de insolvência da empresa, que em 2014 comprou parte das instalações da Cerâmica de Valadares, que estava a reerguer-se depois de um processo que conduzia à sua liquidação. O preço de referência para a venda da totalidade dos ativos é de 5,5 milhões de euros, mas aceitam-se propostas a partir dos cinco milhões. As propostas devem ser enviadas em carta fechada, entregue em mão ou remetida ao escritório do administrador da insolvência, até 2 de abril. A abertura de propostas decorrerá nas instalações da fábrica, na Rua Manuel Moreira da Costa Júnior (antiga Rua da Cerâmica de Valadares), número 265, pelas 10 horas.
A hasta pública é para a venda em conjunto de todos os bens. Do edifício fabril e dois armazéns (imóveis que estão interligados) ao material de escritório, passando por rolos de tecido, caixas de cartão ou telas de colagem. Há cinco viaturas, 700 máquinas de costura, 24 mesas de passar a ferro, empilhadores e prensas, numa extensa lista de artigos industriais.
A La Perla, com atividade na confeção de produtos de roupa interior e de banho de luxo, iniciou atividade em Valadares e, em 2018, afirmava-se de pedra e cal no concelho, com uma equipa que superava as três centenas de funcionárias. Durante a pandemia, recebeu dois financiamentos ao abrigo da linha de apoio à economia, em valor superior a 1,5 milhões de euros. Mas, em fevereiro de 2023, alegando falta de matérias-primas e de encomendas entrou em laboração reduzida. Os receios das trabalhadoras agravaram-se quando, em agosto, foram notificadas de que seria implementado o lay-off por seis meses. No entanto, a intenção seria inviabilizada, devido a alegadas dívidas da empresa à Segurança Social, conforme explicou na altura o PCP, que pediu explicações ao Governo sobre a situação.
A fábrica nunca mais abriu. Cerca de 200 pessoas viram-se na rua. No início de 2024, as trabalhadoras manifestaram-se em protesto à porta da empresa, exigindo os salários em falta. Já havia quem estivesse a receber o fundo de desemprego, mas muitas pessoas continuavam sem qualquer remuneração.