A vila de Ponte de Lima recebe, de sexta-feira a domingo, a 33.ª edição da Festa do Vinho Verde. A mais antiga do país dedicada aos “verdes” nasceu na década de 80 como uma pequena feira agrícola, organizada pela Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Ponte de Lima.
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Em 1991, passou a festa e nunca mais parou de crescer, continuando até hoje a envolver estudantes de agricultura na sua organização.
Este ano, o evento homenageará o seu fundador e o diretor da escola, Amâncio Cerqueira, de 63 anos, que viu o vinho verde sofrer “uma evolução tremenda”. E acredita que a Festa do Vinho Verde deu o seu contributo.
“Os vinhos verdes eram vistos à margem dos outros todos. Os reconhecidos eram os do Douro e do Alentejo e o vinho verde era um produto que andava por aí, mas com dificuldades de implantação no mercado. Hoje está ao nível de qualquer outro vinho, de qualquer outra região do país e do mundo. Em termos de qualidade, subimos exponencialmente. Temos um produto extraordinário”, afirma, referindo que longe vai o tempo em que o verde era vinho de má fama. “Antigamente, há 40 ou 50 anos, provávamos 10 vinhos verdes e rejeitávamos pelo menos metade. Os vinhos eram difíceis. Faltava-lhes tecnologia. Hoje provamos 10 e bebemos 10”.
Escola faz o seu vinho
A Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Ponte de Lima nasceu em 1992, com origem na área agrícola da Secundária local “quando surgiu o ensino profissional”.
“Coração” da Festa do Vinho Verde, tornou-se, há 17 anos, ela própria produtora de vinho (Vinhas do Cruzeiro), com cinco hectares de vinha, numa propriedade com uma área total de 27 hectares e outras culturas como leite, hortícolas e gado. Criou uma adega e produz 30 mil litros por ano de quatro referências: vinho e espumante de Loureiro, vinhão (tinto) e rosé de vinhão. Os cerca de 200 alunos de quatro cursos aprendem e trabalham todo o ciclo do vinho e participam na festa.
Contributo à economia
“A história desta festa surge de uma escola que entende que, para além da componente curricular, tem outras obrigações. Podíamos fazer alguma coisa diferente com os miúdos”, conta Amâncio Cerqueira. Após alguns anos a realizar uma feira agrícola, apostou noutro tipo de evento focado “num produto que ainda estava mal explorado e tinha de ser potenciado”.
O evento chegou a fazer-se na escola. Depois, passou para a Avenida dos Plátanos e, hoje, realiza-se no recinto da Expolima. “Tem vindo há 33 anos sempre a crescer”, afirma o fundador.
“Orgulha-me perceber que conseguimos dar alguma coisa que ficou na sociedade e que contribuímos para a economia. E que [a festa] é uma atividade que marca os nossos alunos, porque eles gostam e participam. Ajudam a montar a atividade, estão lá nos dias da feira a trabalhar e sentem-se orgulhosos”
Maior edição de sempre com 30 produtores
Trinta produtores de vinho verde e 18 de produtos regionais vão participar na 33.ª edição da Festa do Vinho Verde, entre os dias 13 e 15. “Não cabem mais. É a maior de sempre”, afirma Amâncio Cerqueira.
O evento prestará “uma homenagem sentida” ao “percurso de dedicação e entrega” do diretor da escola profissional, destaca a Câmara de Ponte de Lima. “A Festa do Vinho Verde de 2025 terá um brilho feito de memória, reconhecimento e gratidão. Quando alguém dedica uma vida ao ensino com paixão, deixa marcas que não se apagam. O engenheiro Amâncio deixa um legado vivo, que continuará a florescer em cada colheita, em cada projeto, em cada jovem formado nesta escola”, indica o Município.