O edifício principal do antigo Matadouro Industrial de Campanhã, no Porto, deverá ser entregue ao Município em dezembro deste ano mas, tal como acontece com os restantes espaços, destinados a escritórios e restauração, só deverá abrir ao público em 2026. Já há mupis pela cidade a anunciar as áreas disponíveis.
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Numa comitiva constituída por cerca de 50 pessoas, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e o arquiteto japonês Kengo Kuma visitaram, nesta manhã de quinta-feira, a obra do antigo matadouro. A empreitada está a cargo da Mota-Engil e o presidente da empresa, Carlos Mota Santos, garante existirem já "inúmeros potenciais inquilinos", não avançando mais pormenores. Uma coisa é certa: "no final deste ano está concluída a primeira fase de obra e no final de 2025 estará concluído o projeto todo".
O próprio autarca observa que o trabalho está "muito avançado" e que "a parte principal do matadouro estará pronta em 2024". Por outro lado, regista-se uma derrapagem na empreitada, em particular no edifício mais próximo da VCI, onde deverá nascer uma ponte pedonal exterior entre a estação de metro do Estádio do Dragão e o próprio matadouro. Rui Moreira explica que esse atraso tem "uma razão técnica": "Verificou-se que o muro de apoio vai ter de ser reforçado. Estava a fazer uma 'barriga', algo que não era expectável, e portanto é aceitável que nessa matéria derrape".
De acordo com Carlos Mota Santos, a obra para construir essa travessia "começa no final de 2024 e o início de 2025", recusando qualquer "derrapagem financeira".
Sobre o projeto em si, o arquiteto japonês admite que "preservar o antigo prédio não foi fácil", mas conseguiram fazê-lo "na maior parte" dos edifícios. Kengo Kuma está a trabalhar em parceria com o gabinete de arquitetura portuense OODA.
Para o arquiteto, "a estrutura de pedra do antigo prédio é linda", querendo mostrá-la o máximo possível, assumindo ter também optado pela "ventilação natural e luz natural" como forma de garantir a sustentabilidade do próprio projeto.
Quanto aos escritórios, cujas áreas têm sido já anunciadas em mupis pela cidade, o presidente da Câmara do Porto alerta que o arrendamento desses espaços não é da responsabilidade do Município. "É a Mota-Engil a responsável e tem toda a liberdade para colocar aqui as atividades que pretender", sublinha.
A preparar "o futuro" de Campanhã
Sabe-se agora que o edifício vai chamar-se "M-ODU" e reunirá, além de escritórios, um museu da cidade, uma galeria municipal de arte e uma nova esquadra para a PSP. Apesar de estar prevista a entrega da parte principal do projeto à Câmara do Porto no final deste ano, o Município precisará, depois, "de tempo". "Temos de fazer os acabamentos. Admitimos precisar, entre 12 e 15 meses para ter a galeria a funcionar, o museu e tudo. Mas está dentro dos prazos que nos tinham sido garantidos pela Mota-Engil", ressalva Rui Moreira.
"É provável que as empresas se instalem cá em 2026 e nós também. Sabíamos que, depois de nos entregarem o edifício, precisávamos de cerca de um ano para montar o museu. Além dos acabamentos, há uma museografia, já muito pensada. As empresas também vão precisar de um ano para se instalarem", considera, enumerando trabalhos necessários com cablagens, móveis e instalação de equipamentos.
O presidente da Câmara do Porto aproveitou a ocasião para relembrar a compra à STCP do terreno em frente, onde deverá nascer "um espaço de fruição". Moreira reconhece o sentimento "de abandono" entre quem vive naquela zona, observando que a Câmara, com obras como a de reconversão do antigo Matadouro Industrial de Campanhã, está a "fazer com que as pessoas acreditem que há futuro para este território".