Manutenção Militar é refúgio de toxicodependentes, que já retiraram muitos materiais. Moradores em sobressalto.
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O antigo Quartel da Manutenção Militar, na marginal do Porto, está transformado em refúgio de toxicodependentes. Os moradores da zona, sobretudo das ruas da Cordoaria Velha de Lordelo e das Condominhas, denunciam um clima de insegurança.
O Ministério da Defesa, proprietário do imóvel, admite ter conhecimento de atos de vandalismo e garante que já tomou medidas para reforçar a vigilância do local". O JN também contactou a Câmara do Porto, mas não obteve resposta.
Os toxicodependentes consomem e traficam droga em plena via pública e refugiam-se nas instalações militares desativadas, de onde retiram todo o tipo de equipamento para obter algum dinheiro. Os moradores já alertaram as autoridades.
No antigo quartel, já foram serradas as grades de algumas janelas para garantir acesso ao interior, cheio de vegetação e de material inflamável. "O grande problema são os reservatórios da antiga cozinha que ainda podem ter algum gás nas botijas e que, se lhe chegarem o fogo, podem rebentar", teme António Mota, que reside na zona do Fluvial há 52 anos.
Vestígios de sangue
Do quartel retiraram mobiliário, material em metal e a caixilharia. Pela estreita viela que liga a Rua da Cordoaria Velha de Lordelo à Rua do Ouro são visíveis no chão vestígios de sangue e artefactos ligados ao consumo de droga.
Há cerca de um mês foram colados nas paredes panfletos alertando que na rua "vivem várias famílias com crianças que não querem que sejam expostas a hábitos de consumo de drogas, nem a fezes, dejetos e urina na via pública".
Por considerarem que a situação "representa um perigo para a saúde pública", os moradores têm vindo a alertar as autoridades, nomeadamente a PSP e Polícia Municipal. Arminda Madureira explica que "a presença da polícia é mais visível, mas não tem adiantado de muito" e dá o exemplo: "Ainda há pouco, estava um agachado a injetar-se na parte estreita da rua".
"Saltam os muros para entrar no quartel e depois trazem o equipamento às costas para o levarem em carrinhos de mão. Há carros sempre por aqui estacionados e o consumo de droga é a céu aberto. Já fizemos uma exposição às autoridades, mas cai tudo em saco roto", refere Maria Inês Marques.
Problema agravou-se
Os moradores falam em assaltos nas vizinhas casas sociais das Condominhas. "O problema da droga sempre existiu desde que o quartel foi desativado, mas agravou-se quando demoliram o Bairro do Aleixo, que ficava aqui ao lado", observa.
O Ministério da Defesa refere que o quartel foi "desativado há cerca de dois anos, na sequência da estratégia de redimensionamento das Forças Armadas". Encontram-se atualmente "em estudo várias opções para a rentabilização do espaço", acrescenta.