Área do posto emissor do Rádio Clube, na marginal de Gaia, será dividida em 46 lotes para habitação. Perto, em Valadares, a colónia balnear devoluta há anos está à venda por 3,1 milhões.
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Dois empreendimentos devolutos na marginal de Gaia, entre Valadares e Miramar, podem ganhar vida nova. Para o terreno que servia de base ao posto emissor da RDP, conhecido como o terreno do Rádio Clube, e está sem uso há anos, há uma proposta de privados, na Câmara de Gaia, para edificar um complexo residencial. Quanto à antiga colónia de férias balnear, não obstante a hipótese de ali ser instalado um equipamento para seniores, o espaço, com mais de seis mil metros quadrados, está à venda por 3,1 milhões de euros.
Em relação ao terreno que servia de base ao posto emissor da RDP, na fronteira entre Francelos e Miramar, a Câmara de Gaia adianta que "está a decorrer o Pedido de Informação Prévia (PIP), para uma operação de loteamento". A autarquia refere que já deu entrada uma proposta que prevê "a constituição de 46 lotes destinados a habitação unifamiliar, com dois pisos acima da cota de soleira e terceiro piso eventual". É também assinalada a "cedência ao domínio público de áreas verdes, vias de circulação pedonal, vias de circulação rodoviária e estacionamento público". Acrescenta-se que, após a análise desta proposta, "algumas questões terão de ser corrigidas" e que o PIP está em "tramitação".
Quem passa na marginal vê que o terreno, que antes tinha mato, foi limpo recentemente. Esteve durante anos à mercê de quem quisesse entrar, visto que nem murado estava. Foi vendido pelo Estado, em 2016, por 1,75 milhões de euros. Em 2017, deu entrada um PIP no intuito de ali ser construído um hotel, mas a autarquia deu parecer desfavorável. Em 2020, num site dedicado ao imobiliário, a área com 27 mil metros quadrados esteve à venda, mas por um valor incomparavelmente superior: 13,25 milhões de euros. A diferença de preços, entre a alienação por parte do Estado e o montante pedido em 2020, gerou controvérsia e o assunto foi levado à Comissão Parlamentar de Cultura e Comunicação, na Assembleia da República.
Queixas sobre insegurança
De acordo com a Câmara de Gaia, para o espaço à beira-mar em Valadares, frente à praia Atlântico, e que serviu de colónia de férias, esteve previsto um "estabelecimento de prestação de serviços incluindo as valências de equipamento de apoio à terceira idade em regime diurno, apoio domiciliário e residência assistida temporária". Tudo "complementado com serviços de fisioterapia, ginástica de recuperação e manutenção, apoio a atividades desportivas, centro de estudos, leitura, exposições e restauração". Teria dois pisos. O processo, que deu entrada na Câmara em 2015, encontra-se "arquivado".
O certo é que a estrutura se mantém como dantes. O edifício, com piscina nas traseiras, continua de pé e está à venda no site Imovirtual, por 3,1 milhões de euros. Tarda, por isso, colocar um ponto final relativamente à degradação do imóvel, que, originalmente, pertenceu ao Banco Português do Atlântico (BPA) e depois foi absorvido pelo BCP. Nos tempos do BPA, era utilizado, nas férias de verão, pelos filhos dos funcionários. Quando saiu da órbita dos bancos, passou a ser património da STCP. Mas, em 2022, esta empresa deu conta, ao JN, que havia vendido o prédio.
Durante o tempo de abandono, as paredes foram grafitadas e foi-se acumulando lixo. O município confirma terem existido queixas relativas à invasão do imóvel por parte de marginais. No seguimento das queixas, foi "proferida em 17 de janeiro de 2023 a ordem para execução de obras, de forma a assegurar as condições de salubridade e de segurança".