Projeto para estabilizar arribas prevê demolição de muros centenários no promontório e a instalação de uma plataforma no miradouro
Corpo do artigo
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) admite rever o projeto de estabilização de arribas no promontório do Sítio da Nazaré, que tem sido alvo de contestação da população, por prever a demolição de muros centenários no promontório e a instalação de uma plataforma suspensa no designado Bico da Memória, usado como miradouro.
O assunto foi debatido numa sessão de esclarecimentos, realizada ontem, terça-feira, onde o vice-presidente da APA, José Pimenta Machado, expressou abertura para analisar outras opções. "Estamos complemente disponíveis para nos sentarmos à mesa e trabalharmos soluções e afinar o projeto", afirmou o dirigente, no final da sessão, pedindo ao presidente da Câmara para convocar uma reunião, que junte representantes do Movimento Cívico de Defesa do Promontório da Nazaré e especialistas indicados por estes, para apresentarem alternativas à proposta de intervenção da APA. "Se têm soluções, tragam-nas", desafiou José Pimenta Machado, convicto de que é possível "arranjar compromissos entre as partes".
O mesmo entendimento foi expresso pelo presidente da Câmara, Walter Chicharro, que aceitou, na hora, o repto para agendar uma reunião, já na próxima semana, para "discutir soluções".
Zona de "maior risco"
Nuno Batalha, presidente da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, uma das entidades que integra o movimento, confessa-se "bastante expectante" com esta abertura da APA. "Perceberam que têm de encontrar alternativa a uma obra que vai contra a população, mantendo o legado patrimonial e salvaguardando a segurança de pessoas e bens", constata.
"Este é um projeto prioritário", afirmou José Pimenta Machado, lembrando que a solução adotada pela Agência Portuguesa do Ambiente decorre de "um processo com 20 anos de história", iniciado em 2001 com a realização de estudos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) que concluíram que as arribas da Nazaré eram, já altura, das zonas "de maior risco da costa portuguesa" e que determinavam a inevitabilidade de intervenções de estabilização face ao risco de queda de sedimentos.