Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo quer "elevar o nível do serviço" no Douro. Diminuição da pegada ecológica é outra das prioridades.
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Construir um terminal para cruzeiros fluviais no Douro e reduzir a pegada ecológica no Porto de Leixões, apostando na ferrovia e na descarbonização da atividade portuária. Estes são alguns dos investimentos que a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo tem em carteira para futuro.
Entre outros projetos, somam-se ainda a reconversão do terminal multiusos e o prolongamento do quebra-mar de Leixões, uma obra que tem sido contestada e promete aumentar a segurança na entrada e saída de navios do porto. Empossado presidente do Conselho de Administração da APDL há quase quatro meses, Nuno Araújo revelou ainda ao JN que a administração portuária está "preocupada com o momento que a economia atravessa" e, "de forma proativa", tem procurado "ir ao encontro das empresas e, com isso, reduzir os seus custos".
No Douro, o novo terminal permitirá "elevar o nível do serviço prestado". O objetivo é ter "um edifício onde os passageiros possam estar confortavelmente à espera do navio", com "controlo de entradas e saídas". Está em curso a elaboração do projeto, estando a APDL em diálogo com "a associação do setor [dos operadores turísticos] e com o município que irá, em princípio, receber [o projeto]".
"Já o fizemos no passado quando construímos este terminal de cruzeiros de passageiros [em Leixões], que é para navios cruzeiros marítimos. Demos um salto significativo na qualidade do serviço que prestamos e queremos fazer isso no Douro também. De tal forma que os milhares de passageiros que nos visitam todos os anos o possam fazer com outra qualidade de serviço e mais segurança", adiantou Nuno Araújo.
"Se no passado não era possível navegação noturna no Douro, hoje já é possível. Se a sinalização do Douro não era a melhor na altura, hoje já melhorou muito por força de projetos e candidaturas que fomos concretizando. Mas ainda há muita coisa a fazer. Acho que o Douro merece esse terminal", disse o responsável.
Novos rebocadores
Para a administração portuária, a redução da pegada ambiental é uma das prioridades. No próximo ano, chegarão ao Porto de Leixões dois novos rebocadores. Poluem menos e vão permitir substituir os dois mais antigos, já com 40 anos. No caminho da descarbonização, a APDL olha também para a ferrovia, que atualmente representa 10% do movimento de mercadorias em Leixões. O objetivo é que, daqui a cinco anos, possa representar 25%.
Quanto à frota interna, composta por cerca de 40 camiões, Nuno Araújo diz estar a ser estudada a substituição por veículos elétricos e a hidrogénio. Há ainda a intenção de replicar em Leixões o projeto-piloto instalado no cais do Leverinho, em Gondomar, permitindo aos navios ligar-se à rede elétrica após atracarem.
A extensão em 300 metros do quebra-mar também trará ganhos. "Os navios maiores são menos poluentes por cada unidade de tonelada que é transportada", explicou Nuno Araújo, estimando ainda "poupanças na ordem dos 175 milhões de euros" após a obra.
"Sempre que recusamos a entrada de um determinado tipo de navio, eles têm de recorrer a outro porto e isso tem um custo na cadeia logística e para as empresas", referiu Nuno Araújo.
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Tecnologia
A tecnologia é outra das apostas da APDL, que vai ter o primeiro Data Center Tier 3 público. Segundo Nuno Araújo, a tecnologia vai permitir aumentar a segurança na proteção da informação digital e servir também outras infraestruturas portuárias. Atualmente, a APDL integra o Conselho Nacional de Cibersegurança.
Porto seco na Guarda
Em estudo está também a criação de um porto seco na Guarda. Segundo Nuno Araújo, a administração portuária está a dialogar com a Autarquia e as empresas da região.