A empresa que detém o Rock in Rio Lisboa acha que o festival Rock in Rio Febras, na freguesia de Briteiros, em Guimarães, faz “concorrência desleal” e exige que mude de nome. “Somos todos amadores, não cobramos entradas”, lamenta a organização, que devido à polémica, espera “muito mais gente” este ano.
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O presidente da Casa do Povo de Briteiros, Vasco Marques, foi surpreendido, na passada quinta-feira, com uma missiva da empresa que organiza o mundialmente conhecido Rock in Rio Lisboa, em que lhes é “veementemente” sugerido que mudem o nome do festival. “Teme a confusão que a semelhança entre a designação dos dois eventos pode provocar no cidadão incauto”, esclarece este responsável. A organização do festival de Briteiros já decidiu que não vai enfrentar legalmente “os gigantes de Lisboa”, contudo, com toda a atenção que o caso gerou, “vamos ter muito mais gente do que estávamos à espera.”
Vasco Marques não compreende a atitude dos organizadores do Rock in Rio Lisboa. “Nós somos todos amadores, organizamos um festival que, na sua primeira edição, em 2022, teve 1500 pessoas. Não cobramos entradas, preocupamo-nos com prestar um bom serviço e esperamos que as receitas do que as pessoas gastam nas barraquinhas dê para cobrir as despesas”, afirma o presidente da Casa do Povo de Briteiros, uma Instituição Particular de Solidariedade Social.
“Nem digo com que orçamento organizamos isto, tenho vergonha”, afirma. Foi por isso que Vasco Marques, advogado de profissão, ficou surpreendido com o contacto por parte de uma “conhecida firma de advogados” a acusá-los de “concorrência desleal” e a ameaçar com ações legais se não mudassem o nome do evento. “Comecei por pensar que era uma brincadeira”, confessa.
Na opinião do presidente da Casa do Povo de Briteiros haveria uma boa base para litigar com a Rock World Lisboa. “Nós temos um festival que passa rock, junto ao rio Febras. Porém, as decisões judiciais vão, normalmente, no sentido de proteger as marcas, por isso, decidimos mudar o nome”, afirma.
Como organização amadora, que assenta na amizade entre um grupo de jovens da freguesia, decidiram reagir com ironia e emitiram um comunicado onde se lê: "Após consultarmos a nossa vasta equipa de qualificados especialistas, jurídicos e não só, que acompanha a organização deste evento, e imbuídos do nosso espírito característico 'make peace, not war', ou em português, 'queremos lá saber do nome!', decidimos aceder ao pedido que nos foi tão vigorosamente feito.”
Vasco Marques assegura que o que interessa é que o festival vai acontecer, a partir das 16 horas do dia 22 de julho. No entanto, a organização está a emitir bilhetes para controlar a lotação do Parque Fluvial de Briteiros, em virtude da súbita atenção que o festival despertou.
O JN contactou Rock World Lisboa, mas ainda não obeve resposta.