Centro de interpretação ocupa edifício de canoagem que esteve 20 anos ao abandono por questões judiciais.
Corpo do artigo
Águeda está a criar um Centro de Interpretação do Rio que vai permitir aos visitantes descobrirem mais sobre as espécies e os ecossistemas da região através de três aquários e exposições. A obra, que deverá ficar concluída até ao final deste ano, resulta da adaptação e reabilitação do antigo edifício do Centro de Canoagem e surge depois de resolvido o imbróglio judicial que impediu que aquele imóvel municipal, construído há duas décadas, tivesse alguma vez sido usado.
O edifício foi construído "há mais de 20 anos para ser o Centro de Canoagem de Águeda", mas "houve um desacordo entre os herdeiros de um dos terrenos e o processo andou durante anos embrulhado em tribunais", explica o presidente da Câmara, Jorge Almeida. Em consequência disso, a obra municipal nunca foi utilizada. "A Câmara não tinha acesso ao edifício, a estrada estava fechada porque os proprietários consideravam que era propriedade privada", especifica.
Há poucos anos, o "imbróglio" foi resolvido através de diálogo e "bom senso", acrescenta o edil. Mas nessa altura, já o edifício "estava muito degradado e vandalizado" e o município tinha um outro centro de canoagem a funcionar no antigo edifício do Instituto do Vinho e da Vinha. Avançou-se, por isso, para o centro de interpretação. Jorge Almeida acredita que o edifício, a poucos metros do rio, vai "orgulhar Águeda".
Como vai ser
O equipamento, construído no âmbito do projeto de restauro de habitats Life Águeda, pretende divulgar a riqueza do património natural, assim como de tradições e aspetos culturais associados.
No piso superior ficarão três aquários, uma sala polivalente e um auditório. O percurso terá um "efeito em curva, como se de um rio se tratasse", no qual serão "criados os aquários", refere a Câmara. No final, haverá uma sala polivalente com equipamento multimédia.
O C-Life, assim será designado, vai divulgar aspetos como o "continuum" fluvial (parte acessível aos peixes e que permite a sua circulação no rio), os obstáculos no rio (funcionalidades dos açudes), biodiversidade do rio, conjunto de peixes nativos, peixes migradores, vegetação autóctone, ações de combate e controlo de espécies invasoras, entre outros temas. Serão também abordados aspetos ligados à cultura e tradições locais, nomeadamente a história do rio, a ligação aos aguedenses (exploração económica dos recursos fluviais), bem como as artes de pesca e a pesca sustentável.
No rés do chão estão a ser criados vestiários e instalações sanitárias, que funcionarão também como apoio a atividades exteriores a dinamizar junto ao rio.
ENVOLVÊNCIA
Parque
A autarquia pretende requalificar o espaço envolvente, que será integrado num parque verde natural que vai "envolver o espaço urbano", diz Jorge Almeida. Está prevista uma transição pedonal entre as duas margens do rio.
Piscina fluvial
As casas de banho e vestiários do Centro de Interpretação do Rio vão servir de apoio a uma "piscina fluvial" naquela zona do Rio, já que a "qualidade da água está classificada como sendo compatível com uso balnear", revelou o edil. Com o açude construído a montante é possível manter um espelho de água naquela zona durante o verão.
Zona inundável
O edifício encontra-se numa zona inundável quando ocorrem cheias, pelo que é possível que em alguns períodos o acesso ao edifício esteja condicionado. Por esse motivo, todos os equipamentos eletrónicos foram instalados no primeiro andar.