O arcebispo de Santiago de Compostela, em Espanha, Francisco Prieto, defendeu, esta quarta-feira, que a administração pública e a Igreja têm de evitar que "a massificação" do Caminho de Santiago seja fator de "destruição" da sua essência como experiência espiritual e humana.
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D. Francisco Prieto, arcebispo de Santiago desde abril deste ano, falava aos jornalistas em Viana do Castelo, à margem da conferência de imprensa de encerramento de um encontro das Comissões Episcopais para as Comunicações Sociais de Portugal e Espanha.
"Temos de evitar que essa massificação destrua o sentido do que é o caminho de Santiago. Creio que, fundamentalmente, é um caminho de espiritualidade e de humanidade, com outros fatores que beneficiam aqueles lugares por onde passa, mas não perdamos de vista o fundamental", declarou, admitindo que, nesse aspeto, "a Igreja tem uma responsabilidade importante".
"Temos de cuidar os caminhos que conduzem a Santiago. Sabemos que por onde passa, o Caminho é um fator de desenvolvimento, há que o reconhecer sem dúvida. Suponho que haja muitas terras e cidades tenham a oportunidade que cheguem peregrinos que se alojam e consomem", disse o arcebispo de Santiago de Compostela. "Mas não podemos esquecer o cuidado com o peregrino e com o Caminho, no sentido de que é uma experiência vital, e temos de fazer com que não perca a sua raiz, como expressão do que se põe a caminho, que sai da sua casa e se decide chegar a Santiago, na perspetiva de uma experiência humana e crente", prosseguiu.
D. Francisco Prieto reconheceu a forte tendência de crescimento do número de peregrinos de Santiago, com o caminho francês a liderar e com Portugal em segundo lugar. "Nestes últimos anos, o caminho português já representa quase 40% dos peregrinos. Cuidemos esse caminho, as administrações civis e públicas, cada um com a sua responsabilidade, evitemos que se perda a essência do caminho de Santiago e o que este significa", apelou.