Uma "aldeia de verão", semelhante às antigas brandas, onde os pastores se instalavam com as suas famílias e o gado durante o estio, vai ser criada em pleno Parque Nacional da Peneda Gerês, em Arcos de Valdevez mas destinada a cientistas.
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Trata-se da "Branda Científica de São Bento do Cando", uma estação internacional de investigação que será construída para apoiar trabalhos de investigação na região.
O projeto foi apresentado este sábado pela Associação BIOPOLIS e pela Câmara Municipal dos Arcos de Valdevez.
Associados à iniciativa, através de um acordo de cooperação, estão as universidades do Porto, Minho, Trás-os-Montes, Vigo e Santiago de Compostela, e os institutos politécnicos de Viana do Castelo e Bragança.
"Respondendo aos desafios da Estratégia Europeia para a Biodiversidade 2030, e do European Green Deal, a Branda Científica de São Bento do Canto apoiará investigação interdisciplinar de suporte no âmbito do restauro da biodiversidade e ecossistemas e da gestão sustentável dos recursos naturais, nomeadamente no domínio das montanhas, que são verdadeiras sentinelas das alterações climáticas", informa o município de Arcos de Valdevez, referindo que aquela estrutura apoiará também "a investigação sobre os recursos culturais, que formam parte integral da paisagem no espírito da Convenção Europeia da Paisagem".
Na região onde o projeto vai nascer, são típicos os povoamentos usados por pastores e suas famílias, para se movimentarem com os animais em busca de melhores condições para pastorícia. Existem as Inverneiras (aldeias de inverno) e as Brandas (aldeias de verão).
"Numa versão moderna deste conceito, a branda será uma aldeia de verão para os cientistas do BIOPOLIS e das várias instituições participantes", indica fonte da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, adiantando que a Branda Científica de São Bento do Cando "terá condições para acolher cursos de doutoramento e mestrado de curta duração, trabalho de campo de investigadores, tendo para além dos alojamentos um conjunto de laboratórios de suporte". E será ainda "espaço para apoio a workshops com investigadores".
O projeto será concretizado por via da intervenção "num conjunto de edifícios da Confraria de São Bento do Cando, dando-lhes novos usos e mantendo o apoio sazonal aos peregrinos que acorrem a esta aldeia".
A iniciativa conta com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), do Ministério da Coesão Territorial, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia - FCT.