
Preparação do certame decorreu nos últimos dias
Amin Chaar/Global Imagens
A freguesia de Arcozelo, em Gaia, é conhecida sobretudo pelas praias e pelo turismo religioso ligado ao culto de Santa Maria Adelaide, mas neste fim de semana vai transformar-se na vila do circo. A quarta edição do Cupula Circus Village Festival promete muita música, dança, animação e, acima de tudo, circo contemporâneo. Entre os comerciantes, a expectativa é de que o certame dê uma ajuda ao negócio. Começa nesta sexta-feira e termina no domingo.
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Mas engana-se quem acredita que este é um circo como outro qualquer pois, abdicando do tradicional, volta-se para as artes contemporâneas. "Falamos num circo que já não se foca tanto no virtuosismo, truque ou trapézio, mas sim na dramaturgia, na narrativa, no pensamento. É um circo que se assemelha mais à dança contemporânea, ao teatro, às artes plásticas e ao cinema", explica Bruno Machado, diretor artístico do Instituto Nacional de Artes do Circo (INAC) e do festival.
A iniciativa nasceu da vontade que a Junta tinha de criar um evento que se tornasse numa marca de Arcozelo, com aspetos culturais e que não fosse só a "típica" festa religiosa. "Queríamos que fosse algo diferente e isto conjugava-se com tudo o que tínhamos em mente. Além do circo, ainda fazemos uma praça da alimentação e outras atividades focando o momento no convívio e no bem-estar, no qual podemos juntar as pessoas para ver um espetáculo diferente", refere a presidente da Junta de Freguesia de Arcozelo, Adelina Pereira.
Também os habitantes se envolvem na preparação e nos espetáculos. "É muito importante para a vila porque conseguimos criar um evento em que as pessoas se sentem unidas, uma vila em que toda a gente entra no espírito. Começamos a ter habitantes a oferecer a casa para os artistas dormirem, a oferecer o pequeno-almoço e também a fazer as bandeirinhas para que o espaço ganhe um ar de arraial", continuou a presidente, orgulhosa do rumo que o certame tem tomado.
Os cafés também têm algumas vantagens devido ao festival. "Traz mais gente à vila e consequentemente traz-nos mais negócio", indica Cidália Leite, funcionária de um café. "Se estiver bom tempo, pode chamar pessoas à freguesia", acrescenta Ana Costa, que trabalha noutro café da zona. "A vila atrai o turismo religioso, quem vem cá não vem pelo circo. Esta festa não nos tira nem acrescenta nada ", contrapôs, por sua vez, Alfredo Colaço, que tem uma loja de recordações religiosas.
O festival vai contar com um programa cheio de atividades para os miúdos e graúdos, com dança, música, exposições, ações de formação e arte de rua.
"Neste ano temos uma companhia circense italiana e uma exposição que retrata um pouco da história do circo. Também queríamos ter um momento de reflexão, que vai ser ao pequeno-almoço, as pessoas podem ir comendo e ao mesmo tempo aprender e ouvir jazz", enuncia Bruno Machado.
"Temos 'workshops' para o público em geral, para aprenderem e passarem tempo em família. E depois temos uma área dedicada aos profissionais, trazemos alguém de renome para uma formação", continuou, informando ainda que todas as atividades são gratuitas.
"Temos uma maior percentagem de companhias nacionais a participar no festival porque acreditamos que só assim conseguimos criar um fluxo e desenvolver o circo no país. O objetivo do INAC é organizar uma forma de estar positiva para as companhias e artistas em Portugal", concluiu.
Aproveitar é o lema, tanto para quem lá vai em visita como para quem vai em trabalho. Jorge Lix é intérprete malabarista e participa no festival desde a primeira edição. "Fazer malabarismo é um modo de vida, temos que estar constantemente a 'malabarear' as dificuldades. É uma sorte viver da arte e poder continuar após 22 anos de trabalho", explicou o artista.
"Todos os anos é uma aventura porque Arcozelo é sempre desafiante", concluiu.
