"Área Metropolitana de Lisboa tem de passar das palavras aos atos", diz autarca de Cascais
O presidente da Câmara de Cascais critica a atuação da Área Metropolitana de Lisboa e pondera cerca sanitária aos transportes vindos de Oeiras e Cascais.
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Carlos Carreiras diz que "a Área Metropolitana de Lisboa tem de passar das palavras aos atos" e reforçar a oferta de autocarros a 100%. Se a AML não o fizer, o autarca ameaça barrar as carreiras intermunicipais, provenientes de Sintra e de Oeiras, à entrada do concelho de forma a evitar a entrada de possíveis infetados.
Carreiras lançou, esta manhã de quarta-feira, um "grito de alerta" para que se resolva uma situação que perdura "há demasiado tempo". "Tem havido muitas conversas e reuniões, mas não se passa das palavras aos atos. Em causa está um financiamento de 150 milhões de euros da AML no reforço dos transportes, que garante a salvaguarda da saúde pública. O tempo vai passando, há decisões que não são tomadas e vai-se alastrando a possibilidade de contágio dentro da própria AML", critica Carreiras.
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O líder da Câmara de Cascais, em declarações ao JN, diz que a AML "não pode pôr em risco cerca de 3 milhões ou mais de pessoas que andam a circular dentro da Grande Lisboa". "Há que tomar uma medida e não podemos estar a adiar decisões. É nesse sentido que fiz este apelo que, se não for acolhido pela AML, então só me posso socorrer daquilo que são as minhas competências legais", ameaça.
Carreiras propõe que os autocarros intermunicipais sejam parados nas fronteiras do município e seja feito um transbordo para as carreiras municipais nas horas de ponta, sempre que se verificar uma sobrelotação nos transportes. "Sempre que se verifiquem sobrelotações que não respeitam as regras sanitárias e o cumprimento da salvaguarda da saúde pública vamos atuar", promete.
Carreiras admite medir a temperatura aos passageiros, que depois poderão ser encaminhados para um centro de saúde ou para casa "consoante a gravidade". "Não se consegue controlar o risco de infeção por inteiro, mas há formas de o mitigar e reduzir. Temos equipamentos suficientes para fazer as medições de temperatura", avança ainda.
Questionado sobre se contactou os presidentes das câmaras de Sintra e Oeiras antes de tomar esta decisão, Carreiras responde que estes municípios "delegaram as suas competências na área dos transportes na AML", logo este assunto diz respeito apenas à AML. Questionado ainda sobre a individualidade da solução apresentada, Carreiras garante que o que deveria prevalecer é "uma coordenação geral" de todos os municípios, mas, nessa impossibilidade, não lhe resta alternativa senão avançar para medidas mais drásticas.
Soluções individuais são inviáveis, diz Basílio Horta
O presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta, em reação à decisão de Carreiras considerou "inviáveis quaisquer soluções individuais, ainda que fossem juridicamente possíveis". "Tomar atitudes individuais com soluções que não contem com a coordenação da AML não trazem qualquer viabilidade para solucionar o problema dos transportes. A questão dos transportes tem que passar por uma solução articulada de toda a AML", afirmou o presidente da câmara de Sintra à agência Lusa.
"Percebo que a intenção do presidente Carlos Carreiras seja fazer o melhor pela sua população, mas a questão tem que ser abordada de forma abrangente, tanto mais que se trata de uma zona muito populosa e muito concentrada. Se o caso não fosse tão sério daria para ironizar, podia dizer que a câmara de Sintra também está a pensar em cortar ligações e depois declarar independência, mas a situação é demasiado séria e vamos ter que ter serenidade e muita cooperação entre todos os concelhos", disse Basílio Horta.
O presidente da câmara de Sintra sublinhou ainda que "mais grave que o problema de transportes é o da identificação das cadeias de transmissão", área em que defende também "uma grande articulação entre as autoridades de saúde e as autarquias locais" na tomada de medidas em relação às quais "não há tempo a perder", concluiu.