Numa proposta já apresentada à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a Área Metropolitana do Porto quer avançar com um conjunto de iniciativas que visam, além de sensibilizar as populações, implementar sistemas de rega mais eficientes para poupar água a nível metropolitano. A assinatura do protocolo deverá concretizar-se ainda este mês e contará com a presença do ministro do Ambiente.
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O plano foi apresentado esta sexta-feira aos Municípios da Área Metropolitana do Porto (AMP). Além de ações de sensibilização junto das populações e escolas, que deverão decorrer até outubro, o presidente do Conselho Metropolitano do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, explicou que o protocolo prevê a implementação de um projeto-piloto "de rega sustentável e automática de medidor de humidade" e a criação de "um manual de boas práticas em jardins públicos".
A proposta foi apresentada à APA no âmbito de uma verba de cinco milhões de euros prevista no Fundo Ambiental. Grande parte do envelope financeiro foi distribuído às entidades gestoras de água, sendo a AMP "a única estrutura intermunicipal ou até municipal que vai receber dinheiro", referiu Eduardo Vítor Rodrigues. "Mais de 10% do bolo nacional vem para a AMP", acrescentou.
Quanto às regas dos jardins, o protocolo propõe que, ao invés de o sistema funcionar apenas com um relógio inteligente - até porque, como referiu o autarca da Vale de Cambra, José Pinheiro, algumas vezes acontece "que a rega aciona e está a chover -, ser ativado por um sensor de humidade, que só liga o sistema quando a terra está seca.
A AMP candidatou-se, assim, a uma verba total de 560 mil euros "a que se juntam cinco mil euros", de cada um dos 17 municípios da região, já que o projeto não é financiado a 100 %. De acordo com o presidente do Conselho Metropolitano do Porto, espera-se que ainda este mês o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, participe na cerimónia de assinatura do protocolo.
O manual de boas práticas deverá ser elaborado em conjunto com as instituições de ensino da região. Durante a reunião de Conselho Metropolitano, que decorreu esta manhã de sexta-feira, foram apontadas as Faculdades de Arquitetura da Universidade do Porto e também de Engenharia como possíveis parceiros para a criação deste documento. Isto porque, o manual deve incluir medidas de "gestão do espaço público" e também qual "o tipo de abordagem técnica" a ter.
Autarcas em uníssono
Dos Municípios presentes na reunião desta sexta-feira, todos concordaram com a necessidade de olhar para o tema da poupança de água "de forma muito atenta e cuidada". José Pinheiro, presidente da Câmara de Vale de Cambra, afirmou que "nem sempre a intervenção é fácil mas vale a pena". E perante a época de incêndios florestais, o autarca sugeriu também a criação de um "sistema de armazenamento para efeito de rega ou consumo humano".
Seguiu-se a intervenção de Margarida Belém, autarca de Arouca: "Precisamos de sensibilizar, mas através de ações concretas que possam ser aplicadas na prática. Todos os dias desperdiçamos [água]. A ligação com as universidades vai permitir-nos encontrar soluções inteligentes. Acho que sim, que é um projeto que devemos todos abraçar. É um investimento no futuro, muito atual e necessário".
Também a Maia, São João da Madeira e Espinho expressaram o seu agrado com o plano apresentado. Aliás, Miguel Reis, autarca de Espinho, disse ser "importantíssimo avançar já". "Em termos de planeamento, além de tudo aquilo que foi dito, deve ser equacionado um planeamento em algumas áreas: acrescentar valor nas Estações de Tratamento de Águas Residuais. A água tratada é injetada no mar e podia ser utilizada para rega, para outros fins que não o consumo. E devemos encarar a questão das centrais de dessalinização. Sabemos que é uma necessidade urgente que passará a ser emergente. Em conjunto deveríamos equacionar isto", acrescentou.
Aliás, Ariana Pinho, Primeiro Secretário da Comissão Executiva da AMP, assegurou mesmo que este plano "dá músculo para criar estratégias de utilização da água".
Perante a ausência de alguns autarcas ou representantes de alguns Municípios como o Porto, Matosinhos, Paredes e Trofa, Eduardo Vítor Rodrigues sugeriu enviar uma comunicação aos autarcas "e pedir-lhes disponibilidade de adesão".