A Área Metropolitana do Porto (AMP) sugere, até 2030, o redesenho da rede da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) para acomodar a rede metropolitana de autocarros, abrindo também a porta à criação de novos corredores de elétrico.
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"No núcleo central da AMP há uma subutilização do transporte coletivo rodoviário, pelo que será essencial o planeamento de uma nova rede de autocarros urbanos (STCP) em articulação com os serviços de ligação das unidades de concessão à cidade central", pode ler-se na Estratégia e Prioridades de Ação da AMP 2030, datada de setembro do ano passado e publicada no final de março.
Numa das linhas de atuação da AMP, é mesmo sugerido o "redesenho da rede da STCP para o núcleo central da AMP, considerando a necessidade de dotar a "cidade" compacta de um serviço fiável, rápido, com frota ajustada, de caráter regular e personalizado/flexível, e estrategicamente acordado com as concessões envolventes no que respeita à política de acessos em transporte público ao(s) centro(s) das cidades de Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia".
Segundo o documento consultado pela Lusa, a nova rede deverá estar "associada a uma estratégia planeada para as interfaces de rebatimento com o metro quando se justifique e se demonstre como viável", sendo mencionado mais à frente uma "estratégia global e coerente" de interfaces, "designadamente os associados ao funcionamento do núcleo central da AMP e que não podem ser considerados isoladamente em cada concelho".
A AMP assume que, "nas últimas duas décadas, os programas formatados com o objetivo de minimizar o impacte da mobilidade no meio ambiente, de diminuir o congestionamento automóvel nas cidades e a dependência em geral dos cidadãos relativamente ao 'carro próprio' não têm tido os resultados pretendidos".
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"É essencial ao próximo ciclo de planeamento/investimentos reprogramar as unidades de concessão do transporte rodoviário coletivo, dotando-as de um plano de rede estruturada (mais do que o simples somatório de linhas pré-existentes) e que englobe soluções regulares e flexíveis tendo em vista o aumento da eficácia e da eficiência da oferta", pode ler-se no texto.
Recorde-se que está previsto para este ano o arranque da nova rede metropolitana de autocarros, que operará sob a marca UNIR nos municípios da Área Metropolitana exceto no Porto, onde a STCP detém exclusividade.
Para a AMP, "o aumento da quota no transporte público não poderá apenas depender da organização da bilhética e da política tarifária".
"A excessiva dependência do automóvel particular poderá ser resolvida através de uma estratégia de consolidação da rede de metro e pelo desenho de novas redes de autocarros (por unidades de concessão) que lhe sejam complementares/alimentadoras", segundo a AMP.
Entre os objetivos operacionais elencados pela AMP, encontra-se a organização de "redes coerentes de canais dedicados para meios de transportes específicos, através da criação de canal para ferrovia ultraligeira (tram), Corredores de Autocarros de Alta Qualidade (CAAQ)", podendo neste caso "constituir-se numa solução pré-tram (elétrico)".
Quanto à rede rodoviária, é "urgente que a AMP equacione o planeamento e a organização/gestão de uma rede intermédia de correspondência entre a rede principal (nacional) e as redes locais (municipais), ou seja, estabeleça a definição de uma rede supramunicipal não nacional".
Há ainda menção ao transporte público fluvial, que "merece uma referência à parte dada a sua relevância para o incremento da procura de transportes entre as duas margens do rio Douro, sem aumento de pressão sobre a oferta rodo-ferroviária".