Há dois meses sem extraírem areia no Douro, as empresas de extracção em Gondomar e Castelo de Paiva regressaram à actividade com a promessa, por parte do Governo, de que serão criadas melhores condições.
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A situação dos areeiros agravou-se desde a queda da ponte de Entre-os-Rios, há oito anos. Os actuais locais definidos por lei para a dragagem há muito que perderam qualidade e, como alternativa, tem sido importada areia de Espanha. A quantidade autorizada de extracção baixou muito depois da tragédia da ponte Hintze Ribeiro. Um ano antes do acidente, o volume extraído era cerca de 363 mil m3, hoje, é de 140 mil m3.
O Plano Preliminar de Extracção de Inertes na albufeira de Crestuma-Lever, elaborado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil, conclui que a reposição de sedimentos naquele local é de meio milhão de metros cúbicos por ano. Contudo, e com o objectivo de haver reposição de sedimentação, o mesmo plano propõe a dragagem até 200 mil m3/ano, quantidade reclamada, agora, pelos empresários.
Como não se vislumbrava uma alteração às regras impostas, o cenário chegou ser pessimista, sobretudo, para as dezenas de trabalhadores (e outras empresas) dependentes deste sector.
Das seis empresas da albufeira de Crestuma-Lever, uma faliu há dois anos e as restantes lutam pela manutenção de uma actividade que sustenta 265 postos de trabalho directos. "Os lotes estão esgotados, obrigam a pesquisar mais no fundo e isso encarece o preço do material. O que se tira é lodo, areia sem qualidade", afirma Arlindo Carneiro, presidente da Comissão de Trabalhadores das seis empresas extractivas que operam entre a zona da Pé-de-Moura (Gondomar) e Pedorido (Castelo de Paiva).
"Se as firmas fecharem, pelo menos mil famílias serão afectadas, já não para não falar das empresas de transporte, oficinas, serralharias, postos de combustíveis e até restaurantes, apoiados nesta actividade", frisa Arlindo Carneiro.
O modo como as próprias licenças são atribuídas, também, não tem agradado ao sector. Antigamente eram atribuídas por cinco anos, hoje têm validade anual e este ano, as licenças foram atribuídas no mês passado, mas terminam já em Dezembro..
Ontem, os empresários do sector tiveram a garantia, por parte da Secretaria de Estado do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, que tutela o Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos que o Governo está empenhado em criar melhores condições para o sector e regressaram à actividade.
