"Areias" vai levar a Senhora d'Agonia ao mar: "Este ano é especial porque o meu filho vai carregar o andor"

Pai de João, com 20 anos, verá o filho carregar, pela primeira vez, o andor de Nossa Senhora d"Agonia, na tradicional Procissão ao Mar, das festas de Viana do Castelo em honra da padroeira dos pescadores. Um andor que chegado ao cais, assistirá à bênção ao mar pelo Bispo da Diocese, D. João Lavrador, e subirá a bordo da sua embarcação de pesca "Santa Maria das Areias", para cumprir o percurso alvo de grande devoção pelo rio Lima até à saída para o mar e regressar a terra. A procissão costuma ser seguida na água por dezenas de outras embarcações engalanadas com flores e bandeirinhas, e a partir das margens por milhares de pessoas.

Uma emoção que João Pacheco já viveu outras vezes, tal como muitos pescadores de Viana do Castelo, porque a tarefa de levar a Senhora ao mar vai rodando entre eles, mas que este ano será único.

"Este é um ano muito especial, porque o meu filho nasceu no ano de 2005 e nós tínhamos naufragado um barco. Felizmente, correu tudo bem, os marinheiros vieram todos para terra que é o mais importante e nasceu o meu filho. O meu filho, que também se chama João, vai pegar o andor da Senhora d"Agonia e então vai ser um momento muito especial. O mais especial de todos, para toda a família, porque foi "ontem" que ele nasceu, começou a pegar nos andores há quatro anos para chegar à Senhora d"Agonia este ano", descreve o armador, encostado a uma parede, como que amparar o corpo pesado de emoção.

Para cumprir a missão, houve todo um trabalho prévio, que envolveu limpeza e pintura da embarcação, e preparação de flores e elementos decorativos. "Este ano o barco tem um tema que é a Senhora d"Agonia e vai ser decorado com as suas cores", indica.

Além da padroeira, com o seu manto roxo, também embarcam naquela procissão as imagens da Senhora de Monserrate, Senhora dos Mares e São Pedro. Cada andor pesa cerca de 600 quilos.

"É a quinta vez que levo a Senhora d"Agonia. Comecei a entrar na roda dos andores em 1999. É uma emoção muito forte, para quem vive do mar e nasceu para o mar", afirma, emocionado. "Em pequeno, com quatro, cinco anos, chorava que queria ir para o mar. Estou sempre pronto para ir para o mar, tenho muito respeito, é a minha casa. Levo sempre a Senhora d"Agonia comigo, já corri riscos algumas vezes em que pensei que não me ia salvar. Penso que me deve ter protegido. Estou cá".