Os agricultores transmontanos estão a ser alertados para a necessidade de combater o bichado da castanha, que se traduz em perdas “entre os 20 e os 30% da produção anual”, segundo dados revelados pela Ref Cast-Associação Portuguesa da Castanha, na sexta-feira em Vinhais.
Corpo do artigo
“Não é dos problemas mais falados, mas é dos mais nocivos. Fala-se muito da doença da tinta e da vespa da galha do castanheiro, que está a aumentar. Em 2023 tivemos a podridão, que melhorou em 2024. Só este problema do bichado é contínuo e temo-lo todos os anos”, revelou José Laranjo, investigador da Ref Cast.
A solução biológica na luta do bichado da castanha foi apresentada por uma empresa italiana que utiliza armadilhas com feromonas que se instalam nas árvores para atrair os insetos, cujas fêmeas fazem posturas junto dos ouriços, durante a formação da castanha e depois as larvas migram para o interior do fruto. Estas armadilhas permitem a captura em massa dos insetos.
“Tanto este tratamento como os outros químicos devem ser feitos para evitar perdas. É preciso olhar para os castanheiros todo o ano e não só na altura da apanha. Devem fazer-se tratamentos como nas outras culturas se quisermos ser competitivos na fileira em quantidade e qualidade”, sublinhou José Laranjo.
Fenómeno a crescer
O bichado sempre existiu. “Os agricultores resignaram-se, mas em mil quilos de castanha 200 são bichados e são deitados fora. O prejuízo na produção compensa os custos de um tratamento que se possa efetuar”, referiu o investigador.
Já existem outros tratamentos no mercado, através da pulverização. “O que não é fácil porque os castanheiros são árvores de grande porte e os agricultores não estão dotados de equipamentos”, referiu Abel Pereira, presidente da Associação Florestal Arborea, localizada em Vinhais.
Este responsável desdramatiza as perdas. “Até à data não têm feito uma diferenciação da castanha bichada ou não e como muita vai para a indústria, para a produção de farinhas, não causa efeito, como nas vendas em fresco. Porém, o bichado está a crescer e é preciso ter precauções”, observou Abel Pereira.