<p>Os escombros deixados pelo violento incêndio que, anteontem, terça-feira, devorou um armazém chinês de Samora Correia, só deixaram de fumegar ao fim de 16 horas de rescaldo. Ao todo, gastou-se mais de um milhão de litros de água.</p>
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Cerca de meia centena de bombeiros não arredou pé da zona industrial da Murteira, em Samora Correia, no concelho de Benavente, durante a madrugada passada, para evitar reacendimentos no armazém gigantesco de artigos chineses que, dada a proximidade do Natal, se encontrava lotado com roupas, brinquedos e artigos de decoração.
À medida em que debitavam água, os bombeiros - chegaram a estar cerca de 100 homens envolvidos no combate às chamas - avançavam para o interior do armazém, partindo as poucas paredes que não tinham ainda colapsado, para extinguir o incêndio mais eficaz.
As elevadas temperaturas no teatro das operações e o constante ruir de partes da cobertura obrigaram a um combate mais lento e cauteloso. "Era tecnicamente e humanamente impossível entrar. Tivemos que adoptar uma estratégia defensiva", confessou Miguel Cardia, o comandante da corporação de Voluntários de Samora Correia, após o prolongado rescaldo que terminou a meio da tarde de ontem.
Para o responsável, foi "impossível" combater as chamas de outra forma, caso contrário, vidas humanas seriam postas em risco. Miguel Cardia, alegou ainda que uma das prioridades era também salvaguadar os outros edifícios da zona industrial e os compartimentos do armazém que não tinham ainda sido tomados.
A grande concentração de material inflamável (muitos plásticos, têxtil e borrachas) que estava acondicionada no armazém e que acabou envolvida numa bola de fogo tornou o ar irrespirável e obrigou os bombeiros ao uso de máscaras para poderem chegar ao interior da megaestrutura composta por cinco divisórias, das quais duas foram salvas.
Apenas um bombeiro acabou por sofrer uma pequena lesão nas costas ao saltar de um auto-tanque. De resto, não houve feridos, nem mesmo entre os funcionários que se encontravam no armazém grossista chinês e que deram o sinal de alerta à corporação de Samora Correia, cerca das 16 horas de terça-feira.
As origens do incêndio permanecem envoltas em mistério. Nem bombeiros ou a Polícia Judiciária, a quem compete investigar este tipo de situações, arriscaram ontem uma explicação.
Ao todo, as operações envolveram 15 corporações de bombeiros dos distritos de Santarém, Setúbal e Lisboa, bem como elementos da GNR e da protecção civil municipal de Benavente.