A Arquidiocese de Braga apelou este sábado à generosidade dos cidadãos no contributo penitencial da Páscoa, que, em parte, já estava destinado à Diocese de Pemba, em Moçambique, e que servirá para fazer face às necessidades das pessoas em fuga dos ataques terroristas.
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Em Nota Pastoral, recorda que, “desde outubro de 2017 que a província de Cabo Delgado, que corresponde territorialmente à Diocese de Pemba, se encontra debaixo de um conflito armado que se prolongou até hoje". "Calcula-se que já tenham morrido mais de cinco mil pessoas e mais de um milhão foram forçadas a fugir da violência e do pânico causado pelos insurgentes", refere.
“Depois de uma aparente acalmia, desde o início do ano que as ocorrências têm aumentado. Os ataques por parte de grupos armados verificaram-se sobretudo em Ocua, Mazeze e Chiúre-Velho, no distrito de Chiúre. O pânico levou a que as pessoas abandonassem as suas casas e fugissem para a vila de Chiúre (cerca de 30 mil ) ou para Erati – principalmente para a vila de Namapa, na vizinha província de Nampula (cerca de 45 mil). Os números apontam para que 60% destas pessoas sejam crianças”.
A Arquidiocese diz ainda que “a população fugiu destes terroristas sem bens, sem dinheiro, a pé, muitos sem saber para onde e sem qualquer apoio à chegada. Isso fez com que as vilas de Namapa e do Chiúre ficassem sobrecarregadas. As escolas foram ocupadas e há casas nas vilas-sede com mais de cinco famílias”.
O organismo da Igreja Católica realça que “os mecanismos de resposta humanitária foram ativados, mas, face a tão grande deslocação de pessoas, é impossível uma resposta rápida e eficaz, que resolva a necessidade imediata de alimentar este número de pessoas.
Rostos tristes
Na nota, D. António Juliasse Sandramo, Bispo da Diocese de Pemba, descreve rostos “atónitos, tristes”, de pessoas em “desespero”. “Carregam alguma trouxa na cabeça ou na única bicicleta familiar. É tudo o que agora lhes resta. Certamente não tarda que chegue a fome, a sede e as doenças” a estas pessoas assustadas e que fogem em busca de um local um pouco mais seguro para ficarem”.
A concluir, a Igreja bracarense acentua que “as palavras de D. Juliasse são um grito de alerta para que o mundo se consciencialize de que Cabo Delgado está a viver mesmo uma urgência humanitária” e lembra que, "no passado domingo, o Papa Francisco voltou a falar da violência terrorista no norte de Moçambique”.