Prédio na Avenida de Fernão de Magalhães, no Porto, está nas mãos da imobiliária Avenue. Câmara diz ter aceitado alterações ao projeto.
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Será difícil, se não mesmo impossível, subir a Avenida de Fernão de Magalhães, no Porto, a seguir ao Campo 24 de Agosto, e não recordar a memória de Gisberta, a mulher de 46 anos, transgénero, assassinada em 2006 no prédio eternamente inacabado daquela artéria. Há décadas que o edifício está entregue ao abandono, ensombrado pelo crime que marcou a cidade, mas deverá agora iniciar-se um novo capítulo. Finalmente, recomeçaram as obras no imóvel. Entre moradores e comerciantes, há várias opiniões sobre o que ali deveria nascer, mas todos concordam num ponto: a memória de Gisberta deveria ali permanecer.
"Começaram há pouco tempo", comenta uma moradora sobre os trabalhos que arrancaram "há cerca de um mês". Já entram máquinas no terreno, entre trabalhos de demolição e respetiva limpeza. De acordo com a Câmara do Porto, o projeto para aquele local prevê "serviços, comércio, aparthotel e hotel". Mas, para Susana Marques, "o espaço é tão grande que o melhor a fazer era apostar em habitação a custos acessíveis".