O espetáculo comunitário de inclusão social que este sábado sobe à cena no Cineteatro Alba, em Albergaria-a-Velha, pretende mostrar como a arte pode ser uma ponte para ultrapassar diferenças. Em cima do palco estarão meia centena de pessoas, dos nove aos 83 anos.
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Os participantes são utentes da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDCM) de Albergaria-a-Velha, idosos do coro "Trauteias e Rodopias" e elementos da comunidade que não quiseram perder a oportunidade de participar.
Ao longo dos últimos meses, estes "artistas" têm aprendido a "quebrar barreiras" para prepararem, nesta que é já a sétima edição do projeto municipal Pontes Sonoras, um espetáculo que dá pelo nome de "Sete". A partir daquele número, "construímos em conjunto um guião" com "festa e animação, para que tanto quem está no palco como na plateia se divirta", revela ao JN o diretor artístico Bruno Moreira.
E para que, desta forma, se "ensine a não tratar mal as pessoas com mais dificuldade", diz o pequeno André Vidal, 10 anos.
Para que a lição salte do palco para a sociedade é importante que na plateia não estejam "apenas os familiares [dos portadores de deficiência], mas toda a comunidade", pede Manuel Pereira, 71 anos. "Estou de alma e coração, não para eu brilhar, mas para ajudar os outros", conta, durante um ensaio, insistindo na importância de que a comunidade veja "aquilo de que [os portadores de deficiência] são capazes", apesar das suas dificuldades.
Coragem para quebrar tabus
O projeto ajuda a "valorizar os utentes e a aumentar a [sua] autoestima", servindo como um "canal" que permite mostra "à comunidade que, apesar de serem diferentes, têm competências", explica, por sua vez, a presidente da APPACDM de Albergaria-a-Velha, Isabel Fonseca, revelando que muitos utentes da instituição gostam de pisar o palco.
É o caso de Ana Maria Oliveira, 55 anos, que tem participado nos espetáculos anteriores. "É bom estar no palco. Espero que corra bem", diz.
"É preciso coragem para falar de todas as diferenças que existem, não fazer delas um tabu. Todos são necessários e é da diversidade que fazemos um concelho melhor e fazemos as pessoas mais felizes", defende o presidente da Câmara, António Loureiro.
O Pontes Sonoras faz parte do programa municipal Incluir+, que visa promover a inclusão social da população com deficiência. Aproveita "a arte, a cultura, a música para unir as pessoas", acrescenta a vereadora Catarina Mendes.