ESTAU, que termina este domingo, tem atraído turistas ao concelho e entusiasmado a população local.
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A "tela" que Thiago Mazza tem pintado por estes dias é invulgar: tem 16 metros de altura por 23 de largura e faz parte de um depósito no complexo químico de Estarreja. Ali o artista brasileiro tem vindo a "plantar" flores que fazem parte da fauna local, numa tentativa de alertar para "o valor que as plantas têm" e trazer "cor a um ambiente de trabalho cinzento e duro".
Este é um dos artistas que participam no ESTAU, o festival de arte urbana de Estarreja, que termina hoje. Mas não é o único que está a deixar nas ruas arte que realça preocupações ambientais e traços do património local.
Na Ribeira da Aldeia, em Pardilhó, de restos de choques de carros, pneus, capacetes, mangueiras e outros desperdícios está a nascer uma águia sapeira, presença habitual naquelas paragens. As mãos que a moldam são de Artur Bordalo (Bordalo II), que faz uma "homenagem aos animais, que são tantas vezes vítimas do lixo e desperdícios".
Numa rua de acesso ao BioRia, em Salreu, o espaço natural onde Thiago Mazza foi recolher as plantas que o inspiraram, outra artista aproveita uma parede de uma casa para passar uma mensagem. "A nossa terra precisa de ser cuidada, leva trabalho, esforço, dedicação", defende a artista Daniela Guerreiro, que expôs a ideia ao pintar uma mão com um ramo de flores.
A população não poupa em gestos de carinho e Daniela Guerreiro tem recebido "convites para lanchar, bolo, café e fruta". Enquanto pinta, passam turistas, como Célia, de Gaia, uma confessa "apreciadora de arte urbana", que não resiste a tirar uma foto.
Poeta homenageado
No largo Francisco Bingre, em Canelas, o mural do projeto Ruído homenageia o poeta que dá nome ao largo e a sua execução tem sido acompanhada de forma atenta pelos habitantes. Filomena Costa, que trabalha num café contíguo, acha que está "lindíssimo" e fotografou cada etapa. Até Hélder Rego, que receava um mural "muito berrante", se rendeu e dá "nota positiva".
O roteiro de arte urbana tem atraído "muito público", garante a vereadora Isabel Simões Pinto, que aponta como exemplo um grupo de 60 pessoas do Algarve que hoje visita as obras. Pretende "colocar a arte em diálogo com as pessoas e com o património", ao mesmo tempo que tenta "fomentar o sentimento de pertença".