O Património Cultural, IP aprovou o registo da Arte-Xávega em Espinho no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI), em regime de Salvaguarda Urgente. Apenas uma companha ainda se mantem ativa no concelho.
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A aprovação do registo aconteceu de 4 de março, sendo publicado esta terça-feira em "Diário da República".
Com este procedimento, o Património Cultural, IP esclarece que “reconhece a relevância desta manifestação, destacando a importância da prática enquanto reflexo identitário da comunidade, grupos e indivíduos envolvidos, a relevância da sua dimensão histórica, social e cultural na área territorial em que se insere”, assim como “o valor acrescido que transporta para o desenvolvimento sustentável nos territórios onde se pratica”.
Contudo, “as atuais dificuldades no contexto de transmissão dos conhecimentos associados a esta prática [Arte-Xávega] colocam em risco a sua continuidade”.
“A necessidade de medidas de salvaguarda e sustentabilidade com vista à viabilidade futura da Arte motivou a decisão em inventariar a Arte-Xávega em Espinho no regime de Salvaguarda Urgente”, acrescenta o Património Cultural, IP.
O pedido de registo foi submetido pela Câmara Municipal de Espinho, resultado de um processo de investigação no terreno conduzido em estreita colaboração com a comunidade envolvida.
Desde 2023 que existe apenas uma companha em Espinho – Rita e Carolina – propriedade de Adelino Santos Ribeiro, a efetuar este tipo de pesca.
Em 1990, existiam quatro companhas: Mar Salomão, Vamos Andando, Santa Catarina e Viking.
Apesar dos apoios da Câmara Municipal, Adelino Ribeiro tem vindo a público considerar que o futuro da companha é cada vez mais incerto, dado a aumento dos custos que este tipo de pesca acarreta, reivindicando mais apoio, nomeadamente a nível de material usado na Arte-Xávega.
Pesca tradicional
A Arte-Xávega definida pelos pescadores de Espinho é um tipo de pesca tradicional que consiste na utilização de uma rede de cerco envolvente que é lançada ao mar e depois é puxada para terra.
A “Arte”, como é designado o conjunto constituído por cordas, alares e saco, é largada do bordo de uma embarcação que deixa um dos cabos da alagem na praia e que, após o lançamento da rede, regressa à praia trazendo o outro cabo de alagem.
Depois de ambas as cordas estarem na praia dá-se início à alagem, puxando a rede para a praia e mantendo a boca do saco aberta com recurso à utilização de boias e de pesos.
Nos primórdios desta pesca tradicional a alagem era efetuada à mão, posteriormente com tração animal e atualmente por tração mecânica com recurso a tratores a motor.