"As baratas andam aqui na rua e por todo o lado", queixam-se moradores de Ermesinde
Os moradores e os comerciantes de Ermesinde, no concelho de Valongo, vivem atormentados com a praga de baratas e de ratos em vários pontos da cidade, que têm afetado os negócios e a qualidade de vida da população.
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A situação surgiu há alguns anos e tem piorado nos últimos tempos. Apesar das várias queixas feitas à Junta de Freguesia de Ermesinde e à Câmara de Valongo, o problema ainda não foi resolvido.
“São baratas mesmo grandes a correr pela estrada fora”, comentava uma moradora, enquanto passeava pela Praça 1.º de Maio, na zona de Gandra, em Ermesinde. Quem passa pela zona ao início da noite, facilmente vê a “bicharada” a cruzar as ruas e até a “subir os prédios”. “Este ano, tem sido uma coisa fora do normal. À noite, as baratas andam aqui na rua e por todo o lado. A gente vai a caminhar e calca-as, ouve-se mesmo o barulho delas a estalarem”, relata, ao JN, Miguel Brandão, proprietário da padaria Flor de Ermesinde. O problema, que surgiu há alguns anos, tem vindo a agravar-se e a alastrar a outras zonas de Ermesinde, sendo que afeta, sobretudo, os lugares de Gandra, Centro, Costa e Travagem. “Como este ano, nunca vi. Nem sei como descrever, é horrível”, confidencia José Brandão, dono de um talho na zona de Gandra. Além da praga de baratas, há áreas que têm sofrido também com uma infestação de ratos.
Para que os insetos não entrem nos estabelecimentos, os comerciantes têm procurado estratégias, mas tem sido um processo difícil e alguns até já perderam clientes. “Temos que ter obrigatoriamente mais limpeza e, além disso, vamos aplicando produtos, mesmo cá fora, mas é quase impossível”, assegura o proprietário do talho, com porta aberta desde 2010. Na padaria ao lado, Miguel Brandão até já deixa panos na entrada durante a noite.
“A empresa de desinfeção tem vindo aqui todas as semanas aplicar um produto no chão”, conta o dono da Flor de Ermesinde, que normalmente gasta mil euros por ano com a desinfeção do estabelecimento e, este ano, devido à praga de baratas, já excedeu esse valor. “Estamos a ter bastantes problemas e a perder clientes”, lamenta o empresário.
Os moradores e os comerciantes têm vindo a apresentar, ao longo dos anos, queixas à Junta de Freguesia de Ermesinde e à Câmara de Valongo, mas, até agora, o problema não foi resolvido. Na semana passada, quase 500 pessoas solicitaram à Câmara de Valongo uma “intervenção alargada e eficaz de desinfestação”.
Condições climatéricas
Em resposta aos moradores, o Município de Valongo afirmou que “as condições climatéricas registadas este ano, nomeadamente temperaturas elevadas e maior humidade, têm favorecido a proliferação de baratas e de outras pragas urbanas, fenómeno que se tem verificado em várias cidades do país” e pediu aos moradores que identificassem as zonas problemáticas.
“Há pessoas que vivem há 70 anos no lugar da Gandra e que, só nos últimos três, é que identificam o problema das baratas. De acordo com algumas pessoas mais avançadas na matéria, o problema está no saneamento. E depois, quando o calor aperta, as baratas acabam por sair do saneamento e vir para a população”, explica Jaime Azevedo, representante dos moradores.
Ao JN, a Câmara de Valongo explica que, após ter recebido as queixas, “comunicou-as à empresa contratada, que, de imediato, realizou os tratamentos adequados. Os técnicos municipais fiscalizaram os resultados destas ações no início do mês de julho e na zona da Gandra, tendo verificado que a praga estava devidamente debelada nos espaços públicos”. A autarquia acrescenta que houve um “pico similar ao que acontece todos os anos e que foi prontamente controlado pela empresa prestadora de serviços, não tendo ocorrido nenhuma situação anormal, e muito menos que colocasse em perigo a saúde pública”.
No entanto, os moradores garantem que nada foi feito, tendo apenas sido efetuadas duas ações “superficiais” (uma na Praça 1.° de Maio e outra no Lugar da Fonte) no dia 4 de julho, que não resolveram o problema de fundo, que está no esgoto. “Isto não é uma questão de repulsa, é uma questão de saúde. Elas andam no lixo, depois vêm para a nossa casa e trazem imensas doenças com elas”, alerta Jaime Azevedo.