O vulcão dos Capelinhos, nos Açores, entrou em erupção às primeiras horas da manhã do dia 27 de setembro de 1957 mas só a 29 e após informações enviadas da ilha do Faial "por telefone" é que a informação foi publicada no "Jornal de Notícias". "A população da ilha está alarmada", escreveu o JN, explicando que "o vulcão submarino na parte Ocidental, a cerca de meia milha da costa, retomou a atividade".
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Depois de 12 dias de abalos sísmicos, o "vulcão submarino" ganhou vida e colocou a ilha do Faial e arquipélago dos Açores nas notícias. Sem causar vítimas mortais, o fenómeno afetou a vida dos habitantes da freguesia do Capelo, destruiu casas, parou a pesca e estragou sementeiras cobrindo tudo com "um espesso manto de cinza".
"As populações das povoações próximas do vulcão estão aflitas com o facto deste se manter em constante atividade e realizam atos religiosos em que é evocada a proteção do Espírito Santo", escreveu o JN na edição de segunda-feira, 30 de setembro, onde noticia que há "novos sismos no Faial provocados pelo vulcão".
Os "fenómenos" foram sendo relatados e, logo no dia 7 de outubro, na primeira página, o JN relata o nascimento de "uma nova ilha". Nessa data, o monte de lava no meio do mar, junto à Ponta dos Capelinhos, foi batizado de "Ilha Nova", estava ainda em formação, mas já tinha "mais de 50 metros de altura".
A atividade do vulcão era incerta. Durante os abrandamentos da erupção, a Ilha Nova, com cerca de cem metros, afundou. No entanto, as frequentes emissões de cinzas criaram novas ilhas que acabaram por se ligar à costa antiga da ilha do Faial. Apesar de, por várias vezes, ter sido noticiado que "deve estar a terminar o período das grandes explosões", apenas em setembro de 1958 é que a erupção começou a perder força e a atividade diminuiu consideravelmente.
Os terramotos e as erupções prolongaram-se por sete meses e meio. Durante esta fase sucederam-se grandes explosões, com a emissão de jatos de cinzas negras e nuvens de vapor de água causadas pelo contacto da lava incandescente com a água fria do mar.
Perante a gravidade da situação, foi enviado auxílio do continente. Por causa dos danos causados pelo vulcão e para fazer face à destruição e à pobreza, em outubro, novembro e dezembro de 1957 começou a maior leva de emigração do Faial e dos Açores. Após 13 meses, o vulcão adormeceu e a ilha do Faial tinha crescido 2,4 quilómetros quadrados.