<p>As tonalidades plúmbeas do céu não reflectiam mais que o estado de alma das cerca de 150 pessoas que ontem, sexta-feira, acorreram à igreja de Barbudo, para assistir às cerimónias fúnebres de José Macedo, encontrado sem vida em Paris.</p>
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Foi ontem a enterrar, na freguesia de Barbudo, Vila Verde, o emigrante descoberto na noite do passado dia 10, sentado numa poltrona, sem vida, na sua residência nos arredores de Paris. As investigações policiais e a autópsia revelariam que o homem de 62 anos havia morrido em 2007, tendo permanecido na sua casa, sem que ninguém tivesse dado pela sua falta.
As autoridades francesas prosseguem as suas investigações, até porque reconhecem alguma negligência no caso. No domingo, dia 11, pelas 23h45 um desconhecido alertou os bombeiros desde uma cabina telefónica. As autoridades entendem que esse desconhecido teria entrado no apartamento, para levar a cabo um assalto, quando se deparou com cadáver, momificado, sentado numa poltrona, em frente à televisão.
O reformado da construção civil que residia sozinho na rua Blanche-de-Castille, Poissy, Paris foi encontrado sem vida e mereceu longa discussão em fóruns e debates. O facto de ser um homem sem quaisquer laços à família ou amigos, desencadeou a reflexão sobre a solidão que cada vez afecta mais emigrantes. José Macedo há meia dúzia de anos que não contactava a família (estava separado, mas formalmente ainda era casado e tinha quatro filhos). Ontem, durante as cerimónias fúnebres, os familiares não escondiam a mágoa e alguma busca de expiação de faltas, com a comoção a apoderar-se de quantos ali compareceram, na altura de os restos mortais descerem à campa.