A Associação dos Beneficiários do Perímetro de Rega do Sotavento Algarvio cortou, sem pré-aviso, a água há três dias à Agrivabe, empresa algarvia produtora de morangos, framboesas e citrinos, queixaram-se ontem os empresários, que temem perder as culturas.
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"O corte ocorreu na terça-feira de manhã e fomos informados por telefone por um funcionário da Associação dos Beneficiários à tarde", denunciou o proprietário da Agrivabe, Pedro Vaquinhas, que teme não conseguir salvar uma produção de 30 hectares de citrinos senão reabrirem o fornecimento de água nos próximos dias.
Em declarações à Lusa, Pedro Vaquinhas explicou que quando arrendaram as seis quintas na freguesia da Luz de Tavira, num total 80 hectares de terreno, para produzir citrinos, framboesas e figos, pediram a alteração da factura da água para a Afrivabe, mas o pedido foi negado com o argumento que existia uma dívida do anterior arrendatário.
"Sendo a associação uma empresa estatal sem fins lucrativos e de benefício público, como é que pode cometer esta ilegalidade sem um aviso prévio e culpando o actual arrendatário por uma dívida de uma empresa agrícola que foi à falência", questiona Pedro Vaquinhas, relembrando que, por norma, há três avisos antes do corte de água, um processo que leva cerca de ano e meio a desenrolar-se.
O argumento que a Associação dos Beneficiários do Perímetro de Rega do Sotavento Algarvia deu à Agrivabe para cortar a água é que existe uma dívida de 30 mil euros do anterior arrendatário.
"Para nosso espanto o presidente daquela associação informou não ser possível a alteração devido à existência de uma dívida do antigo arrendatário, ameaçando cortar abastecimento se a dívida não fosse saldada".
A Agrivabe, que exporta morango e framboesa para o norte da Europa - Holanda, Noruega, Suécia, Bélgica, França ou Inglaterra -, está a investir cerca de quatro milhões de euros nas seis quintas arrendadas, vai criar 70 postos de trabalho fixo e 140 sazonais nos próximos dois anos e tem já toda produção de framboesas vendida.
Neste momento não temos água para regar cerca de 30 ha de citrinos, nem agua para podermos avançar com os nossos investimentos", lamentou.