A Associação de Moradores do Bairro da Jamaica, Seixal, demarca-se das manifestações contra a violência policial e racismo na Avenida da Liberdade, que ocorreu na segunda feira, bem como a que está agendada para hoje junto à Câmara Municipal do Seixal.
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Em comunicado, a associação nega a participação nos dois protestos e refere que tudo o que quer é "retomar as rotinas diárias e seguir em frente".
Quinta-feira, à Rádio Renascença, Dirce Noronha, presidente da associação de moradores, referiu que intervenção policial no bairro na manhã de domingo nada teve que ver com racismo, admitindo que apenas houve "excesso de uso da força" dos agentes que foram recebidos à pedrada e reagiram. "Até bateram nos pais. Mas não posso pegar nisso e falar de um ato racista. Pode ser o calor do momento. Foram agredidos e agrediram. Dizer que isso foi um ato racial estou contra", referiu Dirce Noronha.
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Nos dias seguintes ao protesto na Avenida da Liberdade, registaram-se inúmeros tumultos em bairros de Loures, Sintra, Odivelas e Setúbal, com caixotes do lixo a arder, uma viatura policial atingida por cocktail molotov, outras viaturas civis alvo de vandalismo e a esquadra do Bairro da Bela Vista a necessitar de medidas de segurança adicionais após ser alvo também de arremesso de dispositivos incendiários. À Renascença, Dirce Noronha admite que os moradores do bairro estão muito tristes com a onda de violência que brotou com os eventos de domingo.
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"Estamos mesmo contra toda esta violência, e estamos tristes. Está lá sempre o nosso nome, bairro da Jamaica, bairro da Jamaica. A maioria das pessoas aqui são pacificas", salienta. O caráter pacífico na manifestação agendada para esta sexta feira às 16 horas junto à autarquia é vincado pela organização, que apela, nas redes sociais à colaboração dos participantes com as autoridades, ao não recorrer à violência e à manutenção do respeito pela propriedade pública e privada, evitando quaisquer atos de destruição ou danificação antes, durante e após a manifestação.
Na página "A voz da mãe preta", a organização que diz ter do seu lado moradores do Bairro da Jamaica, quer esta tarde "a uma só voz, gritar: Não à Brutalidade Policial! Não ao Racismo de Estado!".