Associação Borboletas aos Montes: "É bom ter quem entenda as mulheres com cancro da mama"
Espaço da Associação Borboletas aos Montes no Hospital de Vila Real melhora resposta gratuita a quem recupera da doença.
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O final de outubro de 2022 não é de boa memória para Fátima Batista, 44 anos, reguense a viver em Vila Real. Foi nessa altura que recebeu o temido diagnóstico: cancro da mama. Cândida Paula Vale, 59 anos, vive na Régua e já levou este "murro" por duas vezes. A primeira, em 2018. No lado esquerdo. A segunda, no direito, em 2021. Nas duas situações também corria o mês de outubro. Ambas são apoiadas pela Associação Borboletas aos Montes, que surgiu em 2019 por vontade da enfermeira Alda Claudino e que agora tem sede no Hospital de Vila Real.
Cândida recorda que a segunda vez que lhe foi diagnosticado o cancro da mama "ainda foi mais desconcertante do que a primeira". Porque "o caroço era mais duro e de outro género, a doença estava mais evoluída e até se pensava que estava metastizada nos ossos". Ainda não conseguiu "descobrir a palavra certa para descrever a emoção do momento".
Em junho, Cândida termina os tratamentos de imunoterapia. Todavia, vai manter os de hormonoterapia. "A quimioterapia foi 100% eficaz e quando fiz a cirurgia já não tinha sinais da doença", recorda. Agora sente que está a passar um momento de "quase pós-guerra, um choque pós-traumático", já que depois das dificuldades de adaptação no início dos tratamentos acabou por se ambientar e ver no hospital "um casulo onde as pessoas são tratadas". Quando se começam a espaçar as visitas, fica uma "sensação de orfandade" e dá-se "o regresso do medo que se pensava já estar ultrapassado".
Fátima Batista está a fazer quimioterapia desde janeiro e ainda lhe faltam algumas sessões para terminar o tratamento. Os dias passam, muitos deles "menos bons", e assim vai vivendo num contexto "difícil", embora com cada vez mais força para "enfrentar a doença". "O apoio da família e dos amigos tem sido muito importante", confessa.
Palavras de carinho e abraços
Da "Borboletas aos Montes" Cândida tem recebido "apoio psicológico desde a primeira hora", o que considera ser "muito importante". "É bom ter quem entenda as mulheres com cancro da mama, quem nos oriente e nos dê todas as forças possíveis". E como esta doença cancerígena "marca muito do ponto de vista visual", Cândida considera também que "faz toda a diferença que a mulher se sinta bem com a sua nova imagem", sem o "estigma de não ter cabelo ou de ter a pele manchada".
Fátima também tem na "Borboletas aos Montes" um pilar importante, através dos serviços e dos produtos que disponibiliza. Já recorreu às "massagens, lenços para a cabeça e cremes", e não abdica das "palavras de carinho e dos abraços" que ali recebe.