Na tela, pregada numa parede da Junta de Freguesia, Mister Bean estatela-se no chão. "Lá se f...!", reage, alguém na plateia. Explosão de gargalhadas. Do tombo e da reacção.
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A Associação Juvenil de Desenvolvimento Social- A Voz da Juventude, recentemente criada em Chaves, anda a levar "o que há na cidade às aldeias". Ontem, levou cinema (Mister Bean em Cannes) a São Vicente da Raia, a mais distante das aldeias flavienses. Não foi fácil segurar a plateia. Joaquim Batista, de 71 anos, saiu ainda a comédia não ia a meio. "Vou apanhar fresco", justificou. Maria, de 77 anos, não chegou a ir. "Cinema? cinema faço eu e não é preciso muito", diz agarrada à bengala e com dois caldeiros no braço. Vinha de "ver as galinhas". Mas porque hábitos não se criam num dia, a Associação está confiante. "Ter aqui umas sessenta pessoas já é muito bom! Isto é uma primeira abordagem e estamos convencidos que quando o tempo melhorar e as actividades passarem a ser na rua, haverá mais aceitação", explica Júlio Jesus, 24 anos, licenciado em educação visual e um dos membros do núcleo duro da Associação. O jovem refere-se a concertos e bailaricos, mas também a sessões de literatura ou ateliês de pintura. "Faz falta à população ter acesso à cultura e se eles não vão ao seu encontro, vimos nós à deles", diz João Caldas, finalista de engenharia civil. O objectivo é ambicioso. Por isso, a Associação quer envolver todas as associações, empresas, escolas... "Quanto mais melhor. Queremos mexer, pôr Chaves a pular", dizem. E porquê? Porque é "gratificante". "Sim a palavra é essa", remata Júlio.