Associação prepara grupo de provadores de azeitona para certificar variedade galega
A Associação de Produtores de Azeite da Beira Interior (APABI) vai criar um grupo de provadores de azeitona de mesa, com a mesma autoridade de avaliação que os provadores de vinho ou azeite.
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A ideia integra o processo de certificação da azeitona galega, uma variedade que prevalece na Beira Interior e que a APABI encara como uma boa fonte de rendimento, complementar ao azeite, explicou à agência Lusa o presidente da associação, João Pereira.
Alguns produtores "têm sido muito solicitados para escoar a azeitona galega para conserva", sobretudo para o Brasil, referiu.
A APABI tem em curso um "levantamento exaustivo" do número de produtores, para perceber quanto é que a região produz e quanto é que isso pode valer.
Segundo João Pereira, "é preciso desenvolver um processo que, primeiro, passará pela certificação da azeitona galega, da mesma forma que já existe azeite de denominação de origem protegida (DOP)".
A certificação vai proteger o produto contra imitações e vai dar-lhe a notoriedade devida por ser "um produto único", apenas colhido em Portugal.
Nesse sentido, a APABI está a desenvolver contactos com o Comité Oleícola Internacional, com sede em Madrid, para que a instituição possa apoiar a formação de provadores de azeitona de mesa, "que não existem em Portugal", disse.
A formação inicial é dada "por quem já prova" e os candidatos passam por uma pré-seleção para apurar se "têm as qualidades de paladar e olfato" adequadas à função.
A partir daí, "há uma formação semelhante à que acontece com provadores de azeite e vinho" e, no final, as apreciações são cruzadas com um padrão internacional definido numa grelha de avaliação.
A Beira Interior é terreno fértil para a azeitona galega, pequena e bicuda, exclusivamente portuguesa.
Tem baixo rendimento para a produção de azeite, "o que reforça a ideia de a aproveitar como rendimento alternativo para os proprietários de olival, seja à mesa ou para produção de derivados, como pasta de azeitona".
A criação de postos intermédios de recolha de azeitona na região e o aproveitamento da central de azeite e embalamento da Beira Interior, projetada pela APABI para Castelo Branco, fazem parte do projeto.
A central, prevista para terrenos da zona industrial de Castelo Branco, deve começar a ser construída até final do ano, disse João Pereira.