Acabou a primeira fase das obras, mas afinal, dizem juntas e autarquia, está “tudo na mesma”. O mau cheiro do aterro da Resulima, em Paradela (Barcelos), continua a tornar “um inferno” a vida das populações vizinhas.
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Esta quarta-feira, as sete freguesias da Póvoa de Varzim e de Barcelos afetadas escreveram à nova comissária europeia do Ambiente, Jessika Roswall, a pedir ajuda para resolver o “grave problema ambiental”, que se arrasta há três anos.
“Apesar de algumas medidas de mitigação implementadas pela Resulima sob a supervisão da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCRD-N) e do Ministério do Ambiente, o sofrimento das populações afetadas continua sem fim à vista”, denuncia a carta enviada à comissária sueca, que iniciou funções no passado dia 1 de dezembro.
Os autarcas das freguesias de Laundos, Rates, Estela, Aver-o-Mar/Amorim/Terroso e Aguçadoura (Póvoa de Varzim) e Cristelo e Barqueiros (Barcelos) lembram que o aterro custou 28 milhões de euros, quase 20 milhões dos quais foram financiados pela União Europeia (UE). Entrou em funções em Janeiro de 2022 e, desde então, tem havido inúmeros protestos contra o “fedor quase diário que se sente a quilómetros de distância” e a “falta de acessos” à unidade, que, gerida pela Resulima, serve os concelhos de Arcos de Valdevez, Barcelos, Esposende, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo.
“No século XXI, o nosso país e a UE não podem ter ‘zonas negras’ ou ‘faixas de Gaza’, onde o lixo é depositado com tratamento inadequado ou quase inexistente, libertando odores nauseabundos e, consequentemente, desrespeitando os seus cidadãos”, continua a missiva, assinada pelos sete presidentes de junta, acusando a Resulima de “violar todos os valores ambientais da UE”.
De acordo com a Junta de Laundos (vizinha do aterro e a mais afetada), “a Resulima afirma que todas as medidas de mitigação de odores da Fase 1 já foram implementadas até 26 de dezembro de 2024”, mas a verdade é que, dois meses depois, o mau cheiro continua e é tão intenso que tem obrigado, por exemplo, as escolas a cancelarem atividades exteriores (como aconteceu, na sexta-feira, 28 de fevereiro, com os festejos do Carnaval na Escola das Machuqueiras).
A Resulima, recorde-se, estava obrigada a concluir, até ao final de 2024, a 1.ª fase das obras, destinadas a minimizar os impactos negativos do aterro de Paradela. Os trabalhos estavam orçados em 2,1 milhões de euros. Esta era a 1.ª fase de um investimento orçado em seis milhões de euros, que segue o plano traçado pelos técnicos da Universidade de Aveiro, destinado a resolver o problema.
Face à “ineficácia das medidas” já implementadas e à passividade das entidades fiscalizadoras nacionais, os sete autarcas pedem ajuda a Jessika Roswall para fazer valer os valores ambientais da UE.