A Câmara da Póvoa de Varzim está “muito preocupada” com inação das autoridades no caso dos maus cheiros exalados pelo aterro da Resulima, em Paradela, Barcelos.
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O concurso para as “obrigatórias obras” ficou “deserto”, a comissão de acompanhamento foi extinta e, agora, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) decidiu criar uma comissão informal, mas impediu as juntas de freguesia de participar.
“Esta é a revolta de um povo. Eu não gostaria de ter uma casa onde não pudesse pôr a roupa a secar, nem sequer abrir uma janela”, afirmou o vice-presidente da Câmara da Póvoa. Luís Diamantino explicou que, farta de um “marca passo” que teima em continuar, a autarquia pediu explicações à CCDR-N. A resposta “desiludiu”. “O primeiro concurso ficou deserto. Agora, abriram outro concurso e ainda só estamos a falar da 1.ª fase das obras, que não vai resolver nada”, frisou.
O concurso foi aberto em janeiro. Eram 1,6 milhões de euros para fazer “o fecho do biofiltro existente e passagem do ar pré-tratado por tratamento complementar” e a “cobertura dos tanques da estação de tratamento de lixiviados e envio do ar para tratamento”. Os interessados consideraram o valor demasiado baixo e ninguém apresentou propostas. Entretanto, foi aberto novo concurso, agora já com um preço base de 2,1 milhões de euros. Ainda não está feita a seleção.
Depois, é lançar a obra e mais 225 dias para a concluir. Para uma 2.ª fase fica um investimento de mais 4 milhões de euros. A demora preocupa.
O aterro entrou em funcionamento há quase dois anos e meio. O “fedor insuportável” é “quase diário” e afeta 11 freguesias dos concelhos da Póvoa, Barcelos e Esposende e, por este andar, “vai continuar por muito tempo”. As populações estão revoltadas.
Entretanto, no final de 2022, face ao coro de críticas, a CCDR-N criou uma comissão de acompanhamento. Foi pedido um estudo à Universidade de Aveiro e elencados seis milhões de euros de investimento necessários para resolver o problema. Agora, a nova legislação extinguiu a comissão.
“A CCDR-N decidiu, agora, criar uma comissão informal, mas não permitiu que as juntas fizessem parte”, reclama o autarca poveiro, lamentando ainda que, sem um organismo “oficial”, “se perca força reivindicativa”.
Luís Diamantino diz que, com a mudança de governo, a Câmara já encetou os primeiros contactos. Para já ainda é cedo para saber, mas o vice-presidente acredita numa mudança de postura. Quer ver Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e CCDR-N agirem.