ERSUC vai juntar duas células da unidade de Coimbra para continuar a acolher resíduos urbanos da região.
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A ERSUC - Resíduos Sólidos do Centro vai avançar com a união de células do aterro em Coimbra, uma solução que permitirá aumentar a capacidade de deposição de lixo urbano em mais um ano. Se não fossem tomadas medidas, este seria dos primeiros aterros a esgotar. Por todo o país as entidades de gestão de resíduos procuram estratégias para ampliar a sua capacidade (ler texto ao lado). O plano do Governo para lidar com problema prevê investimentos de 2,1 mil milhões de euros até 2030.
Ao JN, a ERSUC adiantou que o licenciamento para a fase de reengenharia de união de células "já se encontra aprovado". Atualmente esta entidade encontra-se a aguardar a "aprovação do projeto para poder avançar com a intervenção, que se prevê com uma duração de seis meses". O aterro de Coimbra fica em Vil de Matos, a uma dúzia de quilómetros da cidade.
A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) confirma que a ERSUC apresentou um "pedido de alteração ao licenciamento que consiste na reengenharia entre as duas células existentes, de modo a permitir a deposição de resíduos naquele espaço", um procedimento que dispensa Avaliação de Impacte Ambiental (AIA).
A ERSUC tem uma outra proposta de reengenharia para aumento de cota do aterro, mas esta carece de AIA e "encontra-se ainda na fase de elaboração". "Tendo em conta a relevância deste processo para a sustentabilidade da operação, a ERSUC está em articulação com as entidades competentes para garantir uma resposta célere e eficaz", acrescenta a empresa.
O plano de ação TERRA - Transformação Eficiente de Resíduos em Recursos Naturais, recentemente apresentada pelo Ministério do Ambiente e Energia, alertou que, se não fossem tomadas medidas, este aterro, que está numa "situação extremamente crítica", poderia ficar sem capacidade de resposta em "setembro de 2025". As duas soluções de reengenharia permitirão estender a capacidade até 2027.
Solução "mitigadora"
O vereador do ambiente da Câmara de Coimbra, Carlos Lopes, vê a situação com "preocupação" e alerta que, ainda que localizado em Vil de Matos, a estrutura recebe os resíduos dos19 municípios da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra. A união das duas células é uma solução "mitigadora" de curto prazo que "terá de ser executada nos próximos meses, sob pena de termos aqui um problema de saúde pública grave".
O vereador adianta que a autarquia está aberta a várias soluções a médio prazo, seja a deposição noutro local ou, "eventualmente, o alargamento de outras células na infraestrutura já existente" no concelho conimbricense.
Entre as medidas previstas no plano TERRA consta, para além da ampliação de estruturas existentes, a instalação de mais duas unidades de valorização energética: uma ficará na região Centro (capacidade até 400 kton/ano) e outra, mais pequena, no Alentejo/Algarve. Também deverá ser aumentada a capacidade de valorização energética na Lipor (Norte) e Valorsul (Lisboa e Vale do Tejo).
O Plano, que prevê ainda ações para reduzir a quantidade de resíduos que chegam a aterro e agilizar processos de licenciamento e AIA, prevê investimentos no valor de 2,1 mil milhões de euros até 2030. Dos 35 aterros que existem no país, apenas 13 têm capacidade disponível superior a 20%.