Um grupo de ativistas pelo clima dispararam tinta vermelha contra uma parede da Feira Internacional de Lisboa (FIL), onde decorria, esta quarta-feira, o "World Aviation Festival", um evento dedicado à aviação. Cinco manifestantes foram identificadas pela Polícia.
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Ativistas dos coletivos Climáximo e Scientist Rebellion pintaram de vermelho a fachada da FIL e exibiram uma tarja, insurgindo-se contra a indústria da aviação, que acusam de ser culpada de milhares de mortes associadas à crise climática. "Eles estão a matar-nos", podia ler-se, numa faixa branca que exibiram à porta do edifício, onde decorria hoje a conferência "World Aviation Festival", dedicada à aviação, na data em que se celebra o Dia Mundial do Turismo.
Além do protesto no exterior, os ativistas interromperam, no interior, uma conferência sobre aviação que contava com a presença de diretores executivos de empresas do setor, incluindo o CEO da TAP, Luís Rodrigues, e o presidente executivo da ANA - Aeroportos, Thierry Ligonniere.
"Os ativistas acusaram os palestrantes e toda a indústria da aviação de serem culpados das milhares de mortes e de despejos provocados pela crise climática todos os anos, e de estarem reunidos num evento desenhado para expandir a capacidade de matar em massa", detalhou o grupo Climáximo em comunicado enviado às redações.
Os ativistas descrevem a conferência como "o local de planeamento do duplo crime do crescimento da aviação e do despojar das cidades para o usufruto dos ricos e de turistas".
"As empresas, os governos e os ultra-ricos estão, deliberadamente, a matar e a despejar dezenas de milhares de pessoas por todo o mundo. Eles sabem o que estão a fazer, e mesmo assim não vão parar de queimar combustíveis fósseis, voar nos seus jatos privados, construir mais hotéis e planear mais aeroportos", diz Inês, ativista do Climáximo.
Cinco ativistas foram identificados pelas forças policiais no local.
Ato contra ministro
A ação acontece um dia depois de três manifestantes do coletivo Greve Climática Estudantil ter atirado ovos misturados com tinta verde contra o ministro do Ambiente e da Ação Climática, na abertura da CNN Portugal Summit, em Lisboa. O protesto das jovens - intercetadas por agentes da PSP e pela equipa de segurança do ministro - deveu-se ao facto de o evento dedicado a energias sustentáveis, subordinado ao tema "A nova energia é verde", ser patrocinado pela Galp e pela EDP. Duarte Cordeiro estava prestes a começar a discursar quando foi interpelado pelas ativistas - uma forma de protesto que mereceu a condenação do governante.
"A intolerância não é caminho para lado nenhum, devemos rejeitar a intolerância. Essa é a posição de princípio que o Governo deve ter", afirmou depois, lamentando o facto de este tipo de gesto retirar "apoio social" à causa ambiental. "Nem faz as outras pessoas estar mais despertas para outros argumentos, nem serve para intimidar quem exerce funções públicas", argumentou Duarte Cordeiro, ressalvando, por outro lado, que "é preciso saber distinguir um manifestante que adota este tipo de argumento" de outros "jovens que estão preocupados com o futuro" e reforçando "um enorme respeito por toda essa geração de manifestantes".